Não tinha como sobreviver na Rússia após sanções, diz estudante brasileiro

À CNN Rádio, Ricardo Celle cursa medicina em Kursk e disse que orientação russa é para “tentar normalizar” guerra na Ucrânia

Bel Campos e Amanda Garcia, da CNN, Em São Paulo
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Catedral de São Basílio, na capital russa, Moscou  • REUTERS
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As sanções econômicas aplicadas pelos países ocidentais à Rússia trouxeram impacto para a vida do estudante brasileiro Ricardo Celle, que cursa medicina na cidade russa de Kursk.

Em entrevista à CNN Rádio, ele contou que, uma vez que houve o endurecimento das medidas, “não tinha como sobreviver na Rússia”: “Maioria dos russos correu para os bancos para comprar moeda estrangeira, eu fiz a mesma coisa e saí [do país] devido às sanções.”

Ricardo chegou ao Brasil na última quinta-feira: “Eu fui bem afetado, não conseguia entrar em nenhuma conta bancária.”

A universidade dele permitiu que ele participasse das aulas de forma virtual: “Deixei tudo pago e volto quando der, quando contornar a situação.”

Na região onde mora, o estudante afirmou que o presidente russo Vladimir Putin “é bem visto” e que houve orientação de prefeitos para “tentar normalizar” a invasão à Ucrânia.

“Retiraram restrições sanitárias, liberaram acesso a shoppings, como se estivesse tudo bem, alguns deram orientação para guardar comida, remédios, mas falaram que o conflito iria se resolver em menos de um mês”, contou.

Ricardo Celle ainda relatou que os russos evitam usar a palavra guerra e tratam apenas como “operação militar”: “Mas a maioria das pessoas com as quais conversei não está a favor, mas, para não ter problema com trabalho, por exemplo, estão cautelosos.”

“O país oprime um pouquinho diante de opiniões contrárias ao governo”, completou.

O estudante ainda reforçou que há muito nacionalismo na Rússia, algo que considera bonito, e que “eles acreditam que estão fazendo a coisa certa”.