Novo primeiro-ministro inglês enfrentará “armadilha montada”, diz professor

Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, falou à CNN nesta quinta-feira (20) sobre a renúncia de Liz Truss do cargo de primeira-ministra do Reino Unido

Gustavo Zanfer e Ludmila Candal, da CNN
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A primeira-ministra britânica, Liz Truss anunciou a sua renúncia à posição de líder do Partido Conservador nesta quinta-feira (20). O mandato de Truss foi marcado pela crise econômica enfrentada pelo Reino Unido. A sucessora de Boris Johnson foi a pessoa que ocupou o cargo pelo menor período de tempo da história da Inglaterra – 6 semanas.

Para Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, a renúncia de Truss foi uma "crônica anunciada". "Ela propôs um corte de impostos exatamente para os mais ricos, de 45% para 25%, e esse corte veio quando a Inglaterra inteira está sofrendo um processo inflacionário, que anteontem o Banco Central [inglês] avisou que é de 10,5% no acumulado de 12 meses", disse Trevisan à CNN nesta quinta-feira (20).

"Não foram os políticos que puxaram a orelha da primeira ministra, foi o mercado financeiro que derrubou as ações e encostou os títulos ingleses lá em cima. O Banco Central inglês precisou gastar bastante libra para segurar o mercado e acalmar todo mundo. É neste contexto, vamos dizer desta forma, com este erro do ex-ministro das finanças, que ela ficou meio que 'sem chão'”, analisa o professor.

Liz Truss venera Margaret Thatcher, “outra realidade completamente diferente”. “Hoje, os ingleses têm medo da inflação; são coisas diferentes. Ela não compreendeu bem, ela imaginou que dava para exercer a mesma receita”, diz Trevisan.

“Quando se sobe os juros, todo mundo sabe, a economia para, diminui e tem recessão. Como ela vai jogar nesse quadro?”

“É nesse contexto que fica muito preocupante a tradicional posição inglesa de ser muito dura com os russos, a tradicional posição dos conservadores, o que quer dizer petróleo mais caro, gasolina mais cara, gás mais caro. É neste contexto que há uma armadilha montada para o próximo primeiro-ministro, seja ele qual for. A armadilha é essencialmente preço da energia, preço da inflação, quantidade de inflação e principalmente que decisões tomar em relação à tradicional política externa inglesa. Não vai ter vida fácil pro próximo primeiro-ministro.”

Veja a íntegra da entrevista no vídeo acima.