Para Putin, Ocidente descumpriu promessa de Otan não expandir, diz especialista
Bárbara Motta, professora de Relações Internacionais da UFS, observa uma contínua expansão da Otan para o Leste Europeu em vários países: Lituânia, Estônia e Polônia
A professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS) Bárbara Motta declarou, neste sábado (19), em entrevista à CNN, que para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o Ocidente descumpriu a promessa feita após o fim da Guerra Fria (1947-1989) de que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) não iria se expandir para o Leste Europeu.
“A mensagem que a Rússia pretende passar para o mundo é de que realmente não aceita qualquer tipo de expansão que a Otan venha a fazer em solo ucraniano. Uma das percepções do início desse ano, foi que Putin fez uma longa fala que tanto a Rússia quanto a Ucrânia teriam uma mesma ligação histórica. Essa percepção que a Otan se aproxima cada vez mais da fronteira da Rússia é algo inaceitável, seja pelo presidente Putin, seja para algumas partes da liderança política russa”, explicou Motta.
“Além disso, existe a percepção por Putin que o Ocidente traiu a promessa feita depois do fim da Guerra Fria, que a Otan não iria se expandir para o Leste Europeu. O que percebemos nos últimos anos foi uma contínua expansão em vários países: Lituânia, Estônia, Polônia. E, agora, a promessa feita em 2014 da possibilidade da Ucrânia entrar, fazendo com que a Otan literalmente fosse vizinha da Rússia”, continuou.
Atualmente, a Otan conta com 30 países membros: Albânia, Alemanha, Bélgica, Bulgária, Canadá, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia do Norte, Montenegro, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Turquia. A Rússia encara uma possível expansão da organização como uma ameaça à sua hegemonia no Leste Europeu.
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, alegou, neste sábado, ser evidente que a Rússia havia tomado uma decisão e estava se posicionando para realizar um ataque à Ucrânia.
“Eles estão se desenrolando e, agora, [estão] prontos para atacar”, disse Austin. Se você olhar para a posição em que eles estão hoje, é aparente que [Putin] tomou uma decisão e eles estão se movendo para as posições certas para conduzir um ataque”, disse Austin.
Putin, por sua vez, acompanhou o início de exercícios nucleares estratégicos envolvendo lançamentos de mísseis balísticos, segundo informações da agência de notícias RIA. Ele estava acompanhado pelo aliado, Alexander Lukashenko, presidente bielorrusso.
De acordo com o governo russo, os testes incluíram um lançamento bem-sucedido de mísseis hipersônicos Kinzhal, além do lançamento de mísseis e armas hipersônicas Tsirkon em alvos marítimos e terrestres por navios de guerra e submarinos.
Até o momento, mais de 150 mil soldados russos cercam a Ucrânia por três lados da fronteira: na própria Rússia, na Moldávia e em Belarus.

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Os presidentes Joe Biden, dos Estados Unidos, e Vladimir Putin, da Rússia, se encontraram em 16 de junho, em Genebra, na Suíça • Mikhail Svetlov/Getty Images
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O então presidente dos EUA, Donald Trump, e Putin se reuniram no encontro do G20, em Osaka, no Japão, em junho de 2019 • Getty Images
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O presidente americano Barack Obama e o presidente da Rússia Dmitry Medvedev durante evento sobre segurança nuclear na Coreia do Sul, em 2012 • Sasha Mordovets/Getty Images
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O presidente americano Bill Clinton ri de piada de Boris Yeltsin durante evento em Nova York, em 1995 • Wally McNamee/CORBIS/Corbis via Getty Images
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Na Casa Branca, o líder soviético Mikhail Gorbachev e o presidente americano George HW Bush, em 1990 • Ron Sachs/CNP/Getty Images
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O presidente americano Ronald Reagan e o líder soviético Mikhail Gobachev, em Genebra, em 1985 • David Hume Kennerly/Getty Images
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O presidente dos EUA Gerald Ford e o premiê soviético Leonid Brezhnev, no Encontro de Vladvostok, em 1974 • David Hume Kennerly/Getty Images
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Brinde entre o líder soviético Leonid Brezhnev e o presidente americano Richard Nixon, em 1973 • Bettmann/Getty Images
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O líder soviétivo Alexei Kosygin e o presidente dos EUA, Lyndon Johnson, jantando juntos, em 1967 • Bettmann/Getty Images
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Winston Churchill, do Reino Unido, o presidente americano Franklin Roosevelt e o líder soviético Joseph Stalin, durante a Conferência de Yalta, em 1945 • Bettmann/Getty Images
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O líder soviético Joseph Stalin e o presidente americano Harry Truman, durante a Conferência de Potsdam, em 1945 • Library of Congress/Corbis/VCG via Getty Images
(*Com informações da CNN Internacional e da Reuters)