Petro diz que operações da CIA na Venezuela podem afetar Colômbia

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou que autorizou agência a conduzir operações secretas no país

Camilo Cohecha, Javier Andres Rojas e Anna Portella, da Reuters
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, respondeu na quarta-feira (15) aos planos do governo dos Estados Unidos de lançar operações da CIA (Agência Central de Inteligência) na vizinha Venezuela, alertando sobre possíveis consequências para Bogotá.

Petro falou do departamento de Putumayo, no sul do país, em um evento que faz parte do processo de paz com as facções dissidentes das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

"Sinceramente, não sou muito fã das políticas adotadas pelo atual governo da Venezuela, porque não o reconheci. Não vou entrar nesse assunto", disse o líder colombiano.

"Mas sei o que pode acontecer na Colômbia — e isso é minha responsabilidade — se mísseis começarem a cair por lá, ou, como anunciado hoje, se uma operação violenta começar por terra, conduzida por agentes da CIA, dizem eles, ou por fuzileiros navais dos EUA, ou — como já sabemos — se mísseis forem lançados contra uma população civil desarmada, seja ela parte ou não da cadeia do narcotráfico. Porque isso seria contrário à resolução da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, que aprovou por unanimidade a resolução colombiana", acrescentou.

O presidente dos EUA, Donald Trump, confirmou na quarta-feira (15) que autorizou a CIA a conduzir operações secretas na Venezuela.

O New York Times foi o primeiro a noticiar a diretiva confidencial, citando autoridades americanas familiarizadas com a decisão, afirmando que a estratégia do governo Trump para Caracas visa remover Maduro do poder.

Questionado sobre o motivo da autorização da CIA para operar na Venezuela, o presidente americano disse a repórteres que seus motivos eram a migração de venezuelanos para os Estados Unidos e o tráfico de drogas.

O ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, afirmou que viu essa medida com "alarme", em um comunicado, acrescentando "que tais manobras buscam legitimar uma operação de 'mudança de regime' com o objetivo final de se apoderar dos recursos petrolíferos da Venezuela".