Plano de paz dos EUA prevê que Ucrânia ceda terras e armas, diz agência
Governo ucraniano não teve envolvimento na preparação das propostas, segundo fontes da Reuters

Os Estados Unidos sinalizaram ao presidente Volodymyr Zelensky que a Ucrânia precisa aceitar uma estrutura de acordo elaborada pelos EUA para acabar com a guerra com a Rússia, disseram duas fontes à agência de notícias Reuters nesta quarta-feira (19).
A estrutura de acordo propõe que a Ucrânia abra mão de territórios e de algumas armas, ainda segundo as fontes.
As fontes, que pediram para não serem identificadas devido à sensibilidade do assunto, disseram que as propostas incluíam a redução do tamanho das Forças Armadas da Ucrânia, entre outros pontos.
Os EUA querem que o governo ucraniano aceite os pontos principais, segundo as fontes.
Esse plano representaria um grande revés para a Ucrânia, que vê a Rússia conquistar terreno no leste do país e enfrenta um escândalo de corrupção -- nesta quarta-feira, o Parlamento do país demitiu os ministros de Energia e Justiça.
A Casa Branca se recusou a comentar o assunto. O Departamento de Estado dos EUA não fez comentários imediatos.
Uma autoridade ucraniana disse anteriormente à Reuters que o país havia recebido "sinais" sobre um conjunto de propostas dos EUA para acabar com a guerra que a Casa Branca discutiu com a Rússia.
A Ucrânia não teve envolvimento na preparação das propostas, adicionou a fonte.
Zelensky está na Turquia nesta quarta-feira, onde se reuniu com o presidente Recep Tayyip Erdogan. Ele também deve se reunir com oficiais do Exército dos EUA em Kiev nesta quinta-feira (20).
Não houve nenhuma conversa presencial entre autoridades de Ucrânia e Rússia desde uma reunião em Istambul, em julho.
Territórios em troca de garantias de segurança?
Citando uma autoridade dos EUA, o portal Axios relatou nesta quarta-feira que o novo plano dos EUA previa que a Ucrânia concedesse à Rússia parte do leste do país, em troca de uma garantia de segurança dos Estados Unidos para Kiev e a Europa contra futuras agressões russas.
Um diplomata europeu afirmou que não pode haver solução que não leve em consideração a posição da Ucrânia ou a dos aliados europeus dos EUA.
Outro diplomata europeu pontuou que a sugestão de que a Ucrânia reduza seu Exército parece uma exigência russa em vez de uma proposta séria.
Uma delegação dos Estados Unidos liderada por Dan Driscoll, secretário do Exército, está em Kiev em uma "missão de apuração de fatos", informou a embaixada dos EUA.
O chefe do Estado-Maior do Exército dos EUA, general Randy George, também está na delegação e ele e Driscoll se encontrarão com Zelensky nesta quinta-feira (20), disse à Reuters uma pessoa familiarizada com o assunto.
Rússia não parece ter mudado exigências
Os esforços para retomar as negociações de paz parecem estar ganhando força, embora a Rússia não tenha demonstrado nenhum sinal de mudança em seus termos para encerrar a guerra.
O presidente russo, Vladimir Putin, exige há muito tempo que a Ucrânia desista de se juntar à aliança militar da Otan, liderada pelos EUA, e retire suas tropas de quatro regiões que seu governo reivindica como parte da Rússia.
A Rússia não deu nenhuma indicação de que tenha abandonado qualquer uma dessas exigências, e a Ucrânia diz que não as aceitará.
As forças russas controlam cerca de 19% do território ucraniano e estão avançando, enquanto realizam ataques frequentes à infraestrutura de energia ucraniana com a aproximação do inverno.
Zelensky disse na terça-feira (18) que está se preparando para "revigorar as negociações" e discutir com Erdogan como trazer uma "paz justa" para a Ucrânia.
"Fazer todo o possível para aproximar o fim da guerra é a principal prioridade da Ucrânia", afirmou.
A Turquia, um integrante da Otan que permaneceu próximo tanto da Ucrânia quanto da Rússia, sediou uma rodada inicial de negociações de paz nas primeiras semanas da guerra em 2022, as únicas conversas do tipo até este ano, quando Trump lançou uma nova tentativa de acabar com os combates.
O Kremlin ressaltou que os representantes russos não estariam envolvidos nas negociações desta quarta-feira em Ancara, mas que Putin está aberto a conversas com os EUA e a Turquia sobre os resultados das discussões.


