Recuo russo de Kiev não é uma retirada real, diz secretário-geral da Otan à CNN

Ucrânia disse no sábado (2) que recuperou todas as áreas ao redor de Kiev, reivindicando o controle total da região

Jonathan Landay e Scott Malone, da Reuters
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O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, disse em entrevista à CNN neste domingo (3) que a retirada das tropas russas de Kiev não é uma retirada real, mas sim um reposicionamento que pode ser seguido por novos ataques.

Segundo ele, as forças russas estão sendo reabastecidas e rearmadas, e por isso não é possível "ser muito otimista". "Os ataques vão continuar e também temos preocupações de ataques maiores nas regiões leste e sul", disse, apontando uma mudança de estratégia.

Stoltenberg também condenou o que chamou de "brutalidade contra civis" ao se referir às imagens de ao menos de 20 civis mortos e expostos na cidade ucraniana de Bucha.

"Não víamos isso na Europa há décadas, é horrível e totalmente inaceitável que os civis sejam alvos, e mortos dessa forma", disse.

Ele afirmou que a guerra "precisa acabar", e que é responsabilidade do presidente Vladimir Putin encerrar o conflito. Stoltenberg defendeu que haja uma investigação do Tribunal Penal Internacional (TPI) para avaliar possíveis crimes de guerra na Ucrânia, com a responsabilização dos autores desses atos.

Ucrânia disse no sábado (2) que recuperou todas as áreas ao redor de Kiev, reivindicando o controle total da região da capital pela primeira vez desde que a Rússia lançou a invasão.

O anúncio ocorreu à medida que as forças russas se reagrupavam para as batalhas no leste. A Rússia descreveu sua retirada de forças perto de Kiev como um gesto de boa vontade nas negociações de paz.

Já a Ucrânia e seus aliados dizem que a Rússia foi forçada a mudar seu foco para o leste depois de sofrer pesadas perdas perto de Kiev.

Desde o envio de tropas em 24 de fevereiro no que chama de “operação especial” para desmilitarizar seu vizinho, a Rússia não conseguiu capturar uma única grande cidade e, em vez disso, sitiou áreas urbanas, desarraigando um quarto da população da Ucrânia.