Rei da Espanha é alvo de protestos durante visita a Valência após cheias
Multidão se revolta contra demora do governo espanhol
Cidadãos espanhóis vaiaram e jogaram ovos no rei Felipe e na rainha Letícia da Espanha enquanto eles visitavam a região de Valência, onde mais de 200 pessoas morreram em enchentes devastadoras.
Os monarcas foram chamados de “assassinos” enquanto visitavam a região de Paiporta, nos arredores da cidade de Valência, junto com o primeiro-ministro Pedro Sanchez e o governador regional Carlos Mazon, onde os moradores acusam as autoridades de uma resposta frouxa ao desastre.
Depois que posaram para uma foto, a multidão começou a lançar insultos ao rei, Mazon e Sanchez. A multidão avançou enquanto a segurança abria guarda-chuvas para tentar protegê-los de projéteis.
Confrontado por um morador, Felipe permaneceu calmo e abaixou seu guarda-chuva para ouvi-lo enquanto a polícia lutava para controlar os reunidos. A rainha Letizia também falou com moradores furiosos e parecia visivelmente abalada, segurando a cabeça entre as mãos.
O canal de mídia social da Família Real divulgou um vídeo após o protesto, mostrando o rei e a rainha abraçando moradores aflitos. Um homem caiu chorando nos braços do rei e em outra cena, o rei é visto abraçando duas mulheres chorando.
É incomum que um rei espanhol enfrente tamanha fúria de perto. Felipe é uma figura relativamente popular, que chegou ao trono após a abdicação de seu pai.
A raiva parecia amplamente direcionada a Sanchez e Mazon, que partiram cedo, mesmo com o rei insistindo em ficar apesar do caos.
O gabinete de Sanchez disse em uma declaração que o primeiro-ministro havia sido levado, seguindo o protocolo de segurança. Em uma declaração no X, Mazon disse que entendia a raiva e elogiou a conduta “exemplar” do rei.
Pelo menos 214 pessoas foram confirmadas mortas pelas enchentes e o número pode aumentar. Entre as últimas vítimas estava uma mulher de 70 anos cujo corpo foi encontrado a mais de 12 quilômetros de sua casa.
A resposta lenta e descoordenada à crise enfureceu muitos em Valência. Alertas de texto chegaram horas depois de avisos de inundação do serviço meteorológico.
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Imagens de satélite mostram Valência, na Espanha, antes de enchentes, em 18 de outubro de 2024 • Maxar Technologies
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Imagens de satélite mostram inundações em Valência, na Espanha, em 31 de outubro de 2024 • Maxar Technologies
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Imagens de satélite mostram estação de tratamento de água e rodovia em Valência na Espanha antes das enchentes, em 18 de outubro de 2024
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Imagens de satélite mostram estação de tratamento de água e rodovia em Valência na Espanha após enchentes, em 31 de outubro de 2024 • Maxar Technologies
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Imagens aéreas mostram ponte e rodovia em Valência, na Espanha, antes de enchentes, em 18 de outubro • Maxar Technologies
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Imagens aéreas mostram ponte danificada em Valência, na Espanha, depois de enchentes, em 31 de outubro • Maxar Technologies
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Imagens de satélite mostram rodovia e ponte antes de enchentes em Valência, na Espanha, em 18 de outubro • Maxar Technologies
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Imagens de satélite mostram destruição em Valência, na Espanha, após enchentes, em 31 de outubro de 2024 • Maxar Technologies
No sábado (2), Sanchez ordenou que mais 5.000 soldados ajudassem nos esforços em áreas inundadas, chamando a tempestade de “o pior desastre natural” da história do condado.
Ele abordou a raiva e a frustração com a resposta lenta das autoridades, admitindo que “não foi suficiente”.
Parte do problema tem sido político. Mazon e Sanchez são de partidos diferentes e, sob o sistema político espanhol, o governo federal espanhol não pode liberar fundos e recursos de emergência sem a autorização de um governo regional. Isso não aconteceu até sábado, quatro dias após as enchentes.
Enquanto isso, milhares de voluntários responderam ao chamado do governo provincial por ajuda para limpar os destroços da enchente. As autoridades pareciam despreparadas e sobrecarregadas, ficando rapidamente sem suprimentos e lutando para encontrar mais ônibus para transportar as pessoas.
Os voluntários esperaram horas apenas para serem mandados embora, frustrando muitos. Pedro de Juan, 18, só tinha visto cenas como essa em filmes, mas ele apareceu antes das 7 da manhã para embarcar nos ônibus voluntários. Ele expressou a frustração que muitos estão sentindo.
“É incrível como o governo diz sim, não é nossa culpa. É culpa de outra pessoa. Mas neste momento temos que juntar as mãos e ajudar uns aos outros”, ele disse à CNN no sábado enquanto esperava na fila.
“Os militares e a polícia estão ajudando, mas não tanto quanto esperávamos e estão dias atrasados.”