Relação entre Rússia e Ucrânia tem histórico de tensão; relembre os fatos
Novo ápice do conflito no Leste Europeu se desenvolveu ao longo da última década


A tensão entre Rússia e Ucrânia aumentou significativamente nas últimas semanas, com o ápice acontecendo na segunda-feira (21), quando Vladimir Putin reconheceu a independência de dois territórios separatistas do território ucraniano.
Porém, a relação entre os dois países não é nova: eles têm uma história comum que remonta à Idade Média.
Então, quando a Ucrânia pertenceu à Rússia e quando ela se separou?
Ambos os países têm raízes comuns no Estado eslavo oriental de Kievan Rus. É por isso que o presidente russo, Vladimir Putin, fala de russos e ucranianos como “um só povo”.
Porém, estes países avançaram separadamente durante séculos, o que proporcionou o surgimento de duas línguas e culturas. Enquanto a Rússia estava se tornando um império, a Ucrânia não conseguiu estabelecer seu próprio Estado.
No século 17, grandes áreas da atual Ucrânia tornaram-se parte do Império Russo, e os territórios foram reorganizados em províncias russas regulares administradas por governadores nomeados por São Petersburgo, de acordo com a Enciclopédia Britânica.
A partir de então até o século 20, a Rússia e a União Soviética (URSS) realizaram um programa de “russificação” para desencorajar a identidade nacional ucraniana.
Após a Revolução Russa de 1917 e o final da Primeira Guerra Mundial, a Ucrânia tornou-se brevemente independente, até o início da década de 1920, quando se tornou parte da União Soviética.
Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, o país foi ocupado pela Alemanha, até que a Rússia Soviética recuperou o controle do país em 1944 e expandiu suas fronteiras para incluir territórios tomados da Romênia, Polônia e Tchecoslováquia (atual República Tcheca).
Década de 1990: Ucrânia independente
Em 1991, quando a União Soviética foi dissolvida, esse grande território que ocupava foi dividido em 15 repúblicas independentes. A Ucrânia é uma delas: em julho de 1990 havia declarado sua soberania.
O Parlamento ucraniano declara a independência, aguardando um referendo em 1º de dezembro de 1991, que é finalmente aprovado com 90% dos votos. Assim, a Ucrânia adere à nova Comunidade de Estados Independentes, juntamente com a Rússia e a Bielorrússia.
A partir de então, a Ucrânia voltou seus olhos para a Europa e seu interesse em ingressar na Otan.

Anexação russa da Crimeia
As tensões entre esses dois ex-estados soviéticos aumentaram no final de 2013 devido a um histórico acordo político e comercial com a União Europeia. Depois que o então presidente pró-Rússia Viktor Yanukovych cancelou as negociações – aparentemente sob pressão de Moscou – protestos violentos eclodiram em Kiev por semanas.
Então, em março de 2014, a Rússia anexou a Crimeia, uma península autônoma no sul da Ucrânia com forte lealdade russa, sob o pretexto de que estava defendendo seus interesses e os dos cidadãos de língua russa.
A crise atual
Após meses de aumento da presença militar ao longo da fronteira Rússia-Ucrânia, a CNN informou em dezembro de 2021 que as forças russas foram enviadas ao longo da fronteira com a Ucrânia para realizar uma invasão rápida e imediata, incluindo a construção de linhas de suprimentos, como unidades médicas e combustível.
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Um soldado ucraniano caminha por uma trincheira em Svitlodarsk, na Ucrânia, no dia 11 de fevereiro • Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images
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Duas militares ucranianas fazem uma pausa em um refeitório na trincheira em Pisky, Ucrânia • Gaelle Girbes/Getty Images
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Voluntários paramilitares da Legião Nacional da Geórgia dão instruções a dois meninos (à dir.) sobre técnicas de tiro em Kiev, Ucrânia. A Legião Nacional da Geórgia viu um aumento nos pedidos de adesão e no número de participantes em seus cursos de treinamento no mês passado • Chris McGrath/Getty Images
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As forças armadas russas e bielorrussas participam do exercício militar "Allied Determination 2022", na Bielorrússia, em 11 de fevereiro de 2022. A segunda fase dos exercícios está prevista para durar até 20 de fevereiro • BELARUSÂ DEFENSE MINISTRY/Anadolu Agency via Getty Images
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Navio de desembarque da Marinha russa cruza o estreito de Bósforo a caminho do Mar Negro, no dia 9 de fevereiro, em Istambul, Turquia. O Ministério da Defesa da Rússia disse que seis grandes navios estão se movendo do Mediterrâneo para o Mar Negro, onde participarão dos exercícios já em andamento • Burak Kara/Getty Images
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Sistemas de mísseis de defesa aérea S-400 Triumf durante os exercícios militares conjuntos "Allied Determination 2022" realizados por tropas bielorrussas e russas • Russian Defence Ministry/TASS
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Soldados russos e bielorussos em exercícios militares na fronteira • BELARUS DEFENSE MINISTRY/Anadolu Agency via Getty Images
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Imagens de satélite mostram militares no aeródromo de Oktyabrskoye e Novoozernoye, na Crimeia, no aeródromo de Zyabrovka perto de Gomel, em Belarus, e em área de treinamento de Kursk, no oeste da Rússia • Maxar Technologies
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Soldados dos EUA chegam à base militar de Mihail Kogalniceanu, na Romênia, em 11 de fevereiro • Alexandra Stanescu /Anadolu Agency via Getty Images
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Equipamento militar do Exército dos EUA, que está sendo transportado da Alemanha para a Romênia, é visto dentro de uma base militar, no dia 10 de fevereiro, na Romênia. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ordenou o envio de 3.000 soldados adicionais para reforçar os contingentes militares de países membros da OTAN • Andreea Campeanu/Getty Images
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Veículos militares do Exército dos EUA circulam na área de treinamento militar de Grafenwoehr. O Exército dos EUA está transferindo cerca de 1.000 soldados, incluindo tanques e veículos militares, de sua base em Vilseck, no Alto Palatinado, para a Romênia • Armin Weigel/picture alliance via Getty Images
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Soldado ucraniano é visto saindo de Svitlodarsk, na Ucrânia, em 11 de fevereiro de 2022 • Wolfgang Schwan/Agência Anadolu/Getty Images
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Biden diz a Putin que EUA vão reagir com “consequências severas” se Rússia invadir Ucrânia • Wolfgang Schwan/Agência Anadolu/Getty Images
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Equipamentos militares e soldados do exército dos EUA em base temporária em Mielec, Polônia, em 12 de fevereiro de 2022 • Anadolu Agency/Getty Images
Até hoje, mais de 100 mil soldados russos permaneceram reunidos na fronteira, apesar das advertências do presidente dos EUA, Joe Biden, e de líderes europeus sobre consequências terríveis se Putin prosseguir com uma invasão.
O Kremlin nega planejar um ataque e argumenta que o apoio da Otan à Ucrânia – incluindo o aumento do fornecimento de armas e treinamento militar – constitui uma ameaça crescente no flanco ocidental da Rússia.
Com informações de Stephen Collinson, Nathan Hodge, Matthew Chance e Laura Smith-Spark, da CNN