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    Retórica nuclear russa reacende temores alemães da Guerra Fria

    Nos últimos meses, o presidente russo, Vladimir Putin, intensificou sua "operação militar especial" na Ucrânia

    Tom Simsda Reuters

    Nas profundezas de um abrigo nuclear desativado construído em uma estação de metrô de Colônia no auge da Guerra Fria, o guia turístico Robert Schwienbacher diz que está recebendo uma série de perguntas de alemães pedindo espaço disponível em caso de emergência.

    As preocupações dos alemães que se dissiparam com a queda do Muro de Berlim agora estão voltando após décadas de paz. É uma lembrança marcante para um país que se encontrava no centro geográfico e político da Guerra Fria.

    Nos últimos meses, o presidente Vladimir Putin intensificou sua “operação militar especial” na Ucrânia, convocando reservistas e ameaçando usar armas nucleares para defender o território russo, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, falou em “Armageddon”.

    “Ninguém deve usar armas nucleares”, alertou o chanceler alemão, Olaf Scholz, no início deste mês.

    Dias depois, uma pesquisa da seguradora R+V mostrou que 42% dos alemães agora temem uma guerra com participação alemã, contra 16% no ano passado, o maior salto desde a Guerra do Kosovo em 1999.

    Com a fronteira ucraniana a menos de nove horas de carro de Berlim, a guerra parece desconfortavelmente próxima para muitos, embora não haja ameaça iminente em solo doméstico.

    O conflito entre Rússia e Ucrânia, no entanto, levou a uma reflexão em um país que foi a principal beneficiária do degelo entre o Oriente e o Ocidente após a queda do comunismo há mais de 30 anos.

    Schwienbacher disse que os pedidos de espaço no bunker, seja por e-mail ou verbalmente, só começaram desde a guerra e estão dando a ele um motivo para refletir. “Sou humano e também me preocupo que possa piorar”, declarou Schwienbacher.

    A antiga Alemanha Ocidental construiu 2 mil “espaços de proteção” públicos semelhantes a abrigos a partir de meados da década de 60. Em 2007, o governo da Alemanha unificada decidiu liquidá-los.

    Mas o conflito na Ucrânia levou o país a manter os 599 restantes e sua Agência Federal de Imóveis está em processo de pesquisa para possíveis atualizações.

    A ansiedade na maior economia da Europa é intensificada pela inflação de dois dígitos e pelas preocupações com a escassez de energia após anos de forte dependência da Rússia para combustíveis fósseis.

    No dia 8 de dezembro, às 11h, todas as sirenes da Alemanha soarão em um teste, em um segundo “dia de alerta”, e mensagens de texto também serão enviadas para todos os telefones celulares.

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