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    Rússia e Belarus fazem exercício militar em meio à escalada de crise migratória

    Mais de 2 mil pessoas estão entre a Polônia e Belarus enfrentando condições que as Nações Unidas chamaram de "catastróficas"

    Kara FoxAnna ChernovaKatarina KrebsMatthew Chanceda CNN , em Bruzgi, Belarus

    Rússia e Belarus testaram seu poderio militar pela terceira vez esta semana perto da fronteira da Polônia com Belarus, onde milhares de pessoas estão em condições deploráveis, presas no centro de uma crise humanitária e geopolítica que se intensifica.

    Na sexta-feira, Rússia e Belarus realizaram exercícios conjuntos de paraquedistas perto da Polônia, os quais o Ministério da Defesa belarusso disse estarem “em conexão com a acumulação de atividade militar perto da fronteira do estado da República de Belarus”.

    Dois paraquedistas russos morreram durante as manobras após seus paraquedas falharem devido ao vento forte, informou a agência de notícias estatal TASS, citando o Ministério da Defesa da Rússia.

    Cerca de 15.000 soldados poloneses foram destacados para a fronteira da Polônia com Belarus nos últimos dias, uma reação a um impasse tenso que a União Europeia, os Estados Unidos e a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) dizem ser do líder belarusso Aleksandr Lukashenko.

    A OTAN afirmou na sexta-feira (12) que estava monitorando qualquer escalada ou provocação na situação nas fronteiras de seus membros com Belarus após os exercícios.

    Os líderes ocidentais, incluindo os primeiros-ministros dos países vizinhos Polônia, Letônia e Lituânia, estão acusando o regime de Lukashenko de fabricar uma crise migratória na fronteira oriental da UE como resposta às sanções impostas pelas violações dos direitos humanos no país.

    O governo de Lukashenko negou repetidamente tais reivindicações, culpando, em vez disso, o Ocidente pelas travessias e pelo tratamento dado aos migrantes.

    Presos no fogo cruzado, mais de 2.000 pessoas estão entre a Polônia e Belarus enfrentando condições que as Nações Unidas chamaram de “catastróficas”, com cenas desesperadas de fome e hipotermia acontecendo em florestas geladas e em campos improvisados na fronteira.

    A Rússia, o maior (e mais importante) parceiro político e econômico de Belarus, continua a defender a gestão de Minsk da crise na fronteira, ao mesmo tempo em que nega qualquer envolvimento nela.

    A Rússia demonstrou esse apoio com o voo de dois bombardeiros russos supersônicos de longo alcance Tupolev Tu-22M3 sobre o espaço aéreo belarusso na quarta e na quinta-feira.

    A aeronave, conhecida por ter capacidade nuclear, praticou “questões de interação com pontos de controle em terra” com as forças armadas de ambos os países, disse o Ministério da Defesa russo.

    A vizinha Ucrânia também está ampliando a segurança. Na quinta-feira, anunciou que realizaria exercícios militares com cerca de 8.500 militares e 15 helicópteros em uma área próxima às suas fronteiras com a Polônia e Belarus para combater uma potencial crise migratória.

    A demonstração de força que se desenrola em toda a região continua a testar uma ordem política frágil, com alegações dos Estados Unidos sobre o acúmulo militar da Rússia esta semana aprofundando as preocupações para uma crise geopolítica mais ampla.

    O Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, disse na quarta-feira que os EUA estão “preocupados com relatos de atividade militar russa incomum” e mencionou a possibilidade da Rússia “tentar repetir” sua invasão à Ucrânia em 2014.

    A Rússia reagiu às alegações na sexta-feira, dizendo que elas representavam uma “escalada vazia e infundada de tensões”.

    “Isso não será bem sucedido”

    A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, chamou a crise nas fronteiras de “desafio para toda a União Europeia” no início desta semana.

    “Esta não é uma crise migratória. É a tentativa de um regime autoritário de tentar desestabilizar seus vizinhos democráticos. Isso não será bem sucedido”, disse ela.

    As potências ocidentais estão agora se preparando para impor novas sanções à Belarus, e a UE disse que estava considerando penalidades contra companhias aéreas de países terceiros por contribuírem para a crise, transportando pessoas para Minsk, a capital belarussa.

    Na sexta-feira, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse em um tweet que proibiria pessoas da Síria, Iraque e Iêmen – de onde são muitos dos migrantes presos na fronteira – de voar dos aeroportos turcos para Belarus.

    Na quinta-feira, o ministério negou alegações de que estava contribuindo para a crise, dizendo que eles “recusam ser retratados como parte de um problema do qual a Turquia não é parte”.

    O presidente do Conselho da UE, Charles Michel, respondeu ao tweet, dizendo “obrigado” pelo “apoio e cooperação”.

    Moscou não cedeu, porém, com o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, rejeitando as acusações de que a companhia russa Aeroflot tinha ajudado os refugiados a viajar para Belarus.

    Declarações da Aeroflot demonstram que ela “não forneceu e não está fornecendo transporte de migrantes para Minsk”, disse Peskov, acrescentando que “mesmo que algumas companhias aéreas estejam envolvidas nisso, isso não contradiz de forma alguma qualquer regulamentação internacional”.

    Nos Estados Unidos, o Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca anunciou na quarta-feira que preparava “sanções de acompanhamento” destinadas a responsabilizar Belarus por “ataques contínuos à democracia, aos direitos humanos e às normas internacionais”.

    Esta é a segunda rodada de sanções anunciada pelos EUA nos últimos meses. Não está claro quando as novas medidas serão executadas.

    Espera-se também que a UE “amplie e aperte suas sanções contra o regime de Lukashenko”, disse o Ministro das Relações Exteriores em exercício da Alemanha, Heiko Maas, na quinta-feira.

    Custo humano

    Enquanto isso, as condições para os migrantes presos na fronteira continuam se deteriorando, com pessoas em um acampamento improvisado de migrantes em Bruzgi, na fronteira com Belarus, famintas e desesperadas por lenha em temperaturas quase congelantes.

    A CNN obteve acesso exclusivo ao campo, onde cenas caóticas em uma área de distribuição de alimentos aconteciam enquanto a Cruz Vermelha belarussa tentava distribuir comida para multidões. Ao mesmo tempo, as forças de segurança belarussas os empurravam de volta. O desapontamento e a dor são palpáveis em todo o acampamento.

    Migrantes fugindo de países devastados pela guerra, como Síria e Iraque, tinham vindo para Belarus com o propósito expresso de irem para a Europa tentar encontrar uma vida melhor. Mas, agora, há uma amarga sensação de desapontamento que isso não está acontecendo.

    Desde o início de novembro, foram registradas 4.500 tentativas de travessia da fronteira, de acordo com as autoridades polacas. A guarda de fronteira polonesa disse ter registrado cerca de 1.000 tentativas de travessia da fronteira nos últimos dias, incluindo alguns esforços “em larga escala” com grupos de mais de 100 pessoas tentando romper a cerca.

    Grupos humanitários estão acusando o partido do governo polonês de violar o direito internacional de asilo ao empurrar as pessoas de volta para Belarus em vez de aceitar seus pedidos de proteção. Sob o artigo 14 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos têm o direito de buscar e desfrutar de asilo de perseguição em outros países. A Polônia diz que suas ações são legais.

    À medida que o impasse continua, as pessoas continuam a vir. As autoridades belarussas estimam que o número de migrantes que chegam à fronteira poderá aumentar para 10.000 nas próximas semanas se a situação não for resolvida.

    *Com informações de Nadine Schmidt, Katharina Krebs, Antonia Mortensen e Magda Chodownik, da CNN

    **Esta matéria foi traduzida. Leia a original, em inglês

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