Síria realiza primeira eleição parlamentar desde queda do regime de Assad
210 cadeiras do Parlamento serão preenchidas sob um sistema misto, no qual dois terços dos legisladores são eleitos por órgãos locais e um terço é nomeado diretamente pelo presidente
A Síria realizou suas primeiras eleições parlamentares neste domingo (5) desde a queda do regime de Assad, uma votação que as autoridades descreveram como um marco na transição política do país no pós-guerra.
Os centros de votação abriram às 9h, horário local (3h no horário de Brasília), na maioria das províncias, segundo o Comitê Supremo para as Eleições da Assembleia Popular.
Membros de órgãos eleitorais aprovados votaram usando cédulas oficiais. Os resultados preliminares eram esperados no final deste domingo, e os finais seriam anunciados na segunda-feira (6), informou a mídia estatal.
O porta-voz eleitoral, Nawar Najmeh, disse à televisão estatal que a votação está ocorrendo sob um novo quadro eleitoral temporário estabelecido por um decreto emitido no início deste ano pelo presidente Ahmad al-Sharaa.
O decreto criou um comitê eleitoral nacional de 10 membros e estabeleceu novas regras para o período de transição.
A eleição preencherá 210 cadeiras parlamentares sob um sistema misto, no qual dois terços dos legisladores são eleitos por órgãos locais e um terço é nomeado diretamente pelo presidente.
As cadeiras são distribuídas de acordo com o tamanho da população e a representação social.
No entanto, nem todas as províncias estão participando. A votação na maior parte de Raqqa e Hasakah será adiada devido ao que as autoridades descreveram como “desafios de segurança e logísticos”.
Todos os distritos eleitorais da província de Suwayda permanecerão vagos até que “condições apropriadas” sejam atendidas.
Raqqa e Hasakah permanecem sob o controle das forças do YPG lideradas pelos curdos, enquanto Suwayda é dominada por facções drusas leais ao clérigo Hikmat al-Hijri. Todas as três áreas estão fora do controle do governo central.
O período de campanha terminou na sexta-feira, após 10 dias de atividade política, com 1.578 candidatos aprovados, incluindo 14% mulheres. As autoridades informaram que a lista final de eleitores elegíveis excluiu indivíduos ligados ao antigo regime.
As seções eleitorais estavam programadas para fechar ao meio-dia (6h, horário de Brasília), com a opção de estender a votação até as 16h (10h, horário de Brasília).
A contagem dos votos será realizada publicamente, na presença de observadores da mídia, com início três horas após o fechamento dos centros de votação.
As mulheres têm uma cota de 20% dos assentos garantida sob a nova estrutura. O mandato do parlamento terá duração de dois anos e meio, durante os quais o governo deverá se preparar para as primeiras eleições populares diretas do país.
A exclusão de regiões controladas por curdos e de maioria drusa, juntamente com a ausência de cotas para minorias religiosas ou étnicas, levantou questões sobre a representatividade do novo parlamento em relação à população diversificada da Síria.
A questão se tornou cada vez mais importante após uma onda de confrontos sectários nos últimos meses, que deixou centenas de civis das comunidades alauíta e drusa da Síria mortos, muitos supostamente nas mãos de combatentes alinhados com forças pró-governo.



