Espero que COP30 marque virada de palavras em ações, diz príncipe Albert II

Príncipe de Mônaco está no Brasil para cúpula de líderes e para inauguração de filial latino-americana de fundação focada em sustentabilidade

Iuri Pitta, da CNN
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Defensor da preservação do meio ambiente e em especial dos oceanos, o príncipe Albert II de Mônaco acredita que a COP30, em Belém do Pará, precisa ser marcada pelo início de ações efetivas pela sustentabilidade do planeta. “Espero que esta COP seja um ponto de virada no qual as pessoas realmente se comprometam e comecem a pôr palavras em prática”, disse o monarca em entrevista exclusiva à CNN em São Paulo, um dia após participar da cúpula dos líderes na capital paraense.
“É maravilhoso reunir e trocar experiências, mas se (a conferência do clima) não resultar em progresso, então a própria razão para realização das futuras COPs passará a ser questionada”, afirmou Albert II. “As soluções para reduzir as emissões de gases de efeito estufa existem. Temos que nos esforçar para que sejam implementadas em larga escala.”
O príncipe de Mônaco está no Brasil para uma série de agendas relacionadas à sustentabilidade. Além da cúpula em Belém, Albert II veio a São Paulo para a inauguração oficial da filial latino-americana da organização que leva o nome do monarca e apoia mais de 800 projetos de preservação ambiental em todo o mundo.
Criada em 2006, a Fundação Príncipe Albert II de Mônaco já financiou 24 iniciativas na América Latina, incluindo ações de monitoramento de espécies marinhas ameaçadas de extinção na Argentina e de apoio educacional aos kayapós no Brasil, de modo a transmitir aos jovens indígenas tanto a sabedoria tradicional dos povos originários quanto habilidades tecnológicas contemporâneas.
“Nós temos um comitê técnico-científico que analisa e valida os projetos. Temos parcerias com centenas de diferentes organizações pelo mundo e estou muito orgulhoso do progresso que temos feito”, disse o príncipe Albert II.
“Na América Latina, acredito que há dinamismo e muita vontade de avançarmos rumo a um futuro mais sustentável. Queremos identificar quem são os principais agentes nesse sentido e quais são as melhores soluções em diferentes áreas.”

Conhecimento de causa

O príncipe de Mônaco já esteve mais de uma dezena de vezes no Brasil, nas mais variadas regiões. Na Amazônia, por exemplo, esteve acompanhado do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, internacionalmente reconhecido como um dos maiores defensores da preservação ambiental, morto em maio passado.
Albert II também é o único líder mundial a ter atingido tanto o Polo Norte, em 2006, quanto o Polo Sul, em 2009. A defesa da preservação dos oceanos tem fundamento não só na importância científica – “são responsáveis por metade do oxigênio que nós respiramos”, explicou o príncipe –, mas também em raízes familiares: o trisavô do monarca, Albert I, foi um pioneiro do estudo oceanográfico no século 19.
A filial latino-americana da Fundação Albert II de Monaco tem sede em São Paulo, mas atuará em todos os países da região. Já há parcerias em curso com a Universidade de São Paulo, assim como a mobilização de outras organizações acadêmicas, corporativas e filantrópicas.

Inovação e novas gerações

Em uma das agendas no país, o príncipe esteve na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) para um evento com jovens empreendedores, que apresentaram iniciativas voltadas à sustentabilidade, como ações para enfrentar as consequências das enchentes no Rio Grande do Sul e medidas para mitigar o impacto ambiental da indústria da moda, entre outras.
A fundação conta com uma iniciativa, chamada Re.Generation Future Leades Program (Programa de Futuros Líderes Re.Generation, em tradução livre), voltara a incentivar a inovação entre jovens com foco na sustentabilidade. “Eles encontram diferentes cientistas, especialistas de diversas áreas, para aprenderem sobre as grandes questões sobre consciência ambiental, preservação e práticas sustentáveis.”
Para o monarca monegasco, o Brasil é um importante hub para esse tipo de ação. “Vejo muita consciência a respeito da questão ambiental aqui. Claro que ainda há práticas que precisam melhorar, mas há muito menos desmatamento do que no passado, é preciso enfrentar a poluição dos plásticos nos oceanos”, diz Albert II.
“Vejo muita vontade no Brasil de se introduzir as melhores práticas sustentáveis. Há um longo caminho a ser percorrido, mas podemos ser muito bem sucedidos nesse processo.”