
Trump lidera virada de posição da Casa Branca sobre o Brasil, diz Eurasia
Christopher Garman, diretor-executivo da agência de risco político, aponta para frustração de Trump em relação as tarifas contra produtos brasileiros
A virada de posição do governo americano sobre o Brasil é liderada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, segundo o diretor-executivo para as Américas da Eurasia Group, Christopher Garman.
Nesta segunda (27), o republicano elogiou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o parabenizou por seu aniversário, dizendo que ele é "muito vigoroso".
A posição é muito distinta da exposta em julho, na carta que oficializou o tarifaço ao Brasil, quando classificou a relação comercial entre os dois países como "injusta" e, no aspecto político, criticou a condução do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Me parece que foram vários fatores que estão contribuindo para o lado político chegar em segundo plano", declarou Garman ao WW.
Entre os motivos que aproximaram Lula de Trump - e afastaram o americano de Bolsonaro - o especialista cita uma frustração do presidente dos Estados Unidos com as tarifas impostas contra produtos brasileiros.
O diretor da Eurasia explica que o grupo responsável pela política em relação ao Brasil no Departamento de Estado vendia a ideia "que poderia reverter a inelegibilidade de Bolsonaro".
No entanto, diante da falta de indicação de que isso poderia ocorrer "Trump questionou a eficácia de todas as medidas. Acho que esses diplomatas venderam um peixe que não entregaram", disse.
Outro tópico de interesse da Casa Branca seriam os minerais críticos, que o Brasil detém grandes reservas, mas não tem capacidade de refino e mineração.
Recentemente, a China limitou a exportação desses materiais, que são usados para a produção de chips e equipamentos militares. Pequim é a maior produtora de terras raras, sendo responsável por 91% de todo o refino mundial. Esse movimento teria feito a Casa Branca mudar a estratégia para reduzir a dependência chinesa.
"Eu diria que houve um terremoto em Washington quando os chineses suspenderam a exportação de minerais críticos", afirmou Garman.
Por fim, ele aponta um otimismo em relação a um acordo comercial entre Brasil e EUA, mas reconhece que o tema será um desafio.
"Pode ter um desalinhamento das expectativas dos Estados Unidos e as realidades do Brasil sobre o acordo", destacou.
"Será que os americanos acham que os brasileiros vão aceitar tudo o que querem? Acho que o Brasil vai oferecer algumas coisas, mas não mostra disposição para aceitar o que for necessário para um acordo."


