Acidente com carro alegórico no Rio: Polícia Civil apreende veículo e ouve testemunhas
Menina de 11 anos morreu nesta sexta-feira (22) depois de sofrer um acidente no abre-alas da escola ‘Em Cima da Hora’ durante o desfile de quarta-feira (20); presidente da agremiação prestará depoimento na Polícia Civil
A Polícia Civil do Rio de Janeiro apreendeu o carro alegórico envolvido no acidente nas imediações da Sapucaí, nesta quarta-feira (20), que causou a morte de Raquel Antunes da Silva, de 11 anos.
A criança subiu no abre-alas da escola ‘Em Cima da Hora’ já fora do sambódromo e teve as pernas imprensadas contra um poste. Ela passou por cirurgia, teve uma das pernas amputada na quinta-feira (21), mas não resistiu e morreu nesta sexta-feira (22).
O presidente da agremiação foi convocado pela Polícia Civil para prestar depoimento nesta sexta, mas pediu para depor na segunda (25). No mesmo dia, a polícia espera também o depoimento do auxiliar da empresa Carvalhão, que trabalhava como guia do caminhão que puxava o carro alegórico no momento do acidente.
A corporação informou que também já realizou perícia no local, ouviu o condutor do carro e um ajudante, e solicitou imagens de câmeras de segurança da região.
O Corpo de Bombeiros do Estado do Rio (CBMERJ) informou que nenhuma das escolas de samba que desfilaram na quarta (20) estava com suas alegorias regularizadas. Segundo o CBMERJ, nos dias 12 e 18 deste mês, a corporação comunicou às ligas responsáveis pela festa de que as agremiações não haviam entrado com pedido de regularização dos carros.
Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, quando não há a regularização, a liberação dos desfiles cabe à Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liga RJ), responsável pelas escolas do Grupo de Acesso (Série Ouro), e à Liga Independente das Escolas de Samba do Rio, responsável pelo Grupo Especial.
Segundo o CBMERJ, ao permitirem a entrada dos veículos nos desfiles, as ligas assumem, junto com as escolas, os riscos de possíveis acidentes.
O governador Cláudio Castro manifestou solidariedade aos parentes da menina em seu perfil no Twitter. Castro afirmou que o governo do estado, por meio da Secretaria de Estado de Assistência à Vítima (Seavit), está prestando assistência psicológica aos familiares.
https://twitter.com/claudiocastroRJ/status/1517608666702176257
O prefeito Eduardo Paes também se manifestou em suas redes sociais sobre a morte da criança de 11 anos.
“A morte da pequena Raquel nos deixa um grande sentimento de tristeza. Vamos acompanhar de perto a investigação policial que apura as responsabilidades e estamos, através de nossa secretaria de Assistência, dando apoio aos familiares”, disse o prefeito em postagem nas redes sociais.
https://twitter.com/eduardopaes/status/1517538923475525632
Novas medidas de segurança
A Justiça do Rio de Janeiro determinou, na noite desta quinta-feira (21), medidas para garantir mais segurança para crianças e adolescentes durante os desfiles e no entorno da Marquês de Sapucaí. A decisão foi publicada após um pedido do Ministério Público estadual, que afirmou que os desfiles de quarta (20) violaram normas de segurança.
Na decisão dessa quinta, o TJ-RJ determinou:
- que todas as escolas de samba dos grupos de acesso, especial e mirins façam a escolta de seus carros alegóricos até os barracões para evitar o acesso de crianças e adolescentes nos veículos;
- que a Polícia Militar coloque viaturas nas ruas do entorno da Marquês de Sapucaí e que a Guarda Municipal disponibilize pelo menos dois agentes para circulação a pé;
- que o Conselho Tutelar e agentes da Secretaria Municipal de Assistência Social abordem os familiares das crianças e adolescentes presentes no entorno do sambódromo, orientando sobre deveres e responsabilidades com relação aos riscos para os menores.
No despacho, o juiz Sandro Pitthan Espindola afirma que “a responsabilidade é de todos nós e começa pela educação de nossas crianças, que jamais poderiam permanecer expostas e sozinhas em um local tão perigoso como a área de dispersão dos desfiles das escolas de samba, bem como vias públicas do entorno do Sambódromo”.
Respostas
A Liga-RJ afirmou que lamenta profundamente a morte de Raquel Antunes e se solidariza com familiares e amigos da jovem. Em nota, a liga acrescentou que o acidente aconteceu do lado de fora do Sambódromo e que segue acompanhando o caso e colaborando com as autoridades.
A escola Em Cima da Hora afirma que não vai se pronunciar sobre o caso.
*Sob supervisão de Helena Vieira