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    Aumento do Bolsa Família para negros pode reduzir desigualdade, diz estudo

    Segundo a autora, população negra é a mais afetada pela vulnerabilidade social

    Dayres Vitoriada CNN* , Em São Paulo

    Uma pesquisa publicada neste mês concluiu que um aumento no valor do Bolsa Família para beneficiários negros poderia contribuir para reduzir a desigualdade social no Brasil.

    Isso porque, segundo a pesquisadora Mayara Amorim, autora do estudo, os negros são os mais afetados tanto pela pobreza quanto pela extrema pobreza.

    Segundo a autora, que é mestre em direito pela PUC Campinas, os afrodescendentes enfrentam mais dificuldade para ascender social e economicamente.

    Para Amorim, é preciso identificar o perfil das pessoas em situação de pobreza ou pobreza extrema e compreender como é possível que elas sobrevivam com rendas tão baixas.

    De acordo com o Banco Mundial, pessoas que vivem na pobreza têm um poder de compra de até US$ 5,50 por dia –o equivalente a cerca de R$ 26 na cotação atual do dólar. Já aqueles que vivem na extrema pobreza têm a disposição US$ 1,90, o equivalente a aproximadamente R$ 9 por dia.

    Para Mayara, os resultados da pesquisa refletem os efeitos do chamado “racismo estrutural”. “Essa discriminação institucionalizada potencializa a desigualdade social de renda entre as pessoas pretas e pardas a partir do momento que as estruturas econômicas são distribuídas.”

    Outra conclusão do estudo é o fato de que as mulheres negras são ainda mais suscetíveis a viver em situação de vulnerabilidade social.  “Precisamos colocar a figura da mulher negra como um motor do desenvolvimento social de forma estratégica no nosso país”, acrescenta a pesquisadora.

    Segundo o governo federal, na folha de pagamento de março deste ano, 81,2% dos benefícios do Bolsa Família foram concedidos em nome de mulheres.

    De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Brasil, 63% das casas chefiadas por mulheres negras com filhos de até 14 anos estão abaixo da linha da pobreza.

    “Não é uma uma questão muito fácil de se resolver a partir do momento que é uma questão estrutural. Eu acho que um dos caminhos possíveis é o aperfeiçoamento também em conjunto com um novo desenho institucional de políticas públicas que considere a estrutura da sociedade e como ela é esmagada pelo racismo”, pontua a pesquisadora.

     

    * Sob supervisão de Vital Neto