
Amazônia: temperatura marca 1,5°C acima da média; limite do Acordo de Paris
Estudo do MapBiomas aponta que, em 2024, a região amazônica atingiu medida máxima adotada; bioma do Pantanal supera teto e atinge média de 1,8 º C

A rede MapBiomas, divulgou nesta quarta-feira (5), dados inéditos sobre o aquecimento global no Brasil nas últimas quatro décadas. O estudo mostra que o limite máximo de temperatura do Acordo de Paris já foi atingido na Amazônia e superado no Pantanal.
Esse e outros dados e pesquisas sobre o o clima e o meio-ambiente no Brasil, de 1985 a 2024, estão organizados e disponíveis na plataforma lançada, 'MapBiomas Atmosfera'.
No Brasil, o maior valor de anomalia foi em 2024, quando a temperatura ficou 1, 2ºC acima da média dos últimos 40 anos. Desde 2019, temperaturas acima da média têm sido registradas em quase todos os biomas. Nos biomas Caatinga, Cerrado e Pampa, as anomalias de temperatura têm se mantido em até 1°C acima da média.
Também em 2024, na Amazônia (brasileira) foi registrado que a temperatura média foi 1,5ºC acima da média. Tasso Azevedo, coordenador-geral do MapBiomas, explica que "estudos mais recentes apontam que a perda de florestas modifica as trocas de calor e de vapor d’água com a atmosfera, resultando em temperaturas mais elevadas".
Segundo o MapBiomas, desde 1985, a Amazônia perdeu 52 milhões de hectares, ou seja, 13% de vegetação nativa. E que nesse mesmo período, o bioma teve um aumento médio da temperatura em 1,2°C. Utilizando essa base de dados, um estudo publicado na Nature Geoscience mostrou que o desmatamento causa 74% da redução das chuvas e 16% do aumento da temperatura na Amazônia durante a seca.
O Pantanal registrou recorde de anormalidade em 2024, com temperaturas 1,8°C acima da média. Esse bioma é alimentado pelas chuvas na Bacia do Alto Paraguai que, em 2024, registrou precipitação 314 mm abaixo da média, com 205 dias sem chuva. O ano de 2024 foi especialmente quente em todo o Brasil, sendo que a temperatura ficou de 0,3 a 2,0°C acima da média histórica em todos os estados.
Estes aumentos de temperatura têm impactos significativos em todos os biomas brasileiros. A redução de precipitação também tem efeitos importantes, especialmente na Amazônia e no Pantanal
Plataforma monitora atmosfera
A MapBiomas, lançou nesta quarta-feira (4), sua nova plataforma, o MapBiomas Atmosfera. A partir de imagens de satélite e modelagem de dados, a plataforma disponibiliza dados climáticos sobre variações de temperatura e precipitação entre 1985 e 2024, além de dados sobre poluentes atmosféricos entre 2003 e 2024 cobrindo todo o território brasileiro.
O MapBiomas Atmosfera é uma nova ferramenta que auxilia o Brasil a implementar políticas públicas baseadas em evidências experimentais e mostra quais seriam as regiões mais impactadas pelas mudanças do clima e mudança de uso da terra. É uma nova ferramenta importante para auxiliar na preservação de nossos ecossistemas
A nova plataforma também inclui dados sobre poluição do ar entre 2003 e 2024, estimados a partir de modelos atmosféricos globais. Eles mostram que o ar mais limpo do Brasil se encontra em estados litorâneos do Nordeste, como Bahia, Sergipe e Pernambuco.
Além de reunir dados sobre o número de dias sem chuva e a disponibilidade de água no solo, indicadores para a análise do estresse hídrico no Brasil. Esse sistema ajuda a identificar regiões com excesso de precipitação e monitorar áreas vulneráveis a enchentes. Os dados de 2024 mostram, por exemplo, anormalidade de dias com chuva persistente no Rio Grande do Sul, especialmente entre os meses de abril e junho.
*Sob supervisão de Thiago Félix


