Metanol abandonado após ação policial pode ter sido utilizado em bebidas

Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, essa é uma das linhas de investigação da Polícia Federal, que apura o destino do metanol de caminhões e tanques abandonados após a Operação Tank

Helena Barra, da CNN Brasil*, São Paulo
Investigação foi divulgada nesta terça-feira (7)  • Montagem CNN
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou que umas das linhas investigadas é de que o metanol utilizado para adulterar bebidas alcóolicas pode ter origem em caminhões e tanques abandonados pelo crime organizado após a "Operação Tank".

"Todos sabem que recentemente tivemos enorme ação de combate à infiltração de crime organizado na área de combustíveis. Muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados depois da operação. Essa é uma hipótese que está sendo estudada, trilhada, acalentada pela PF. Se esta é uma origem do metanol que está adulterando as bebidas, então a atuação repressiva será numa direção", diz o ministro.

A nova hipótese apurada pela Polícia Federal foi divulgada nesta terça-feira (7). Segundo Lewandowski, a principal via para solucionar a origem será a identificação do tipo de metanol utilizado. 

A polícia investiga se a substância teria origem vegetal ou de combustível fóssil. Caso surja a partir de produtos agrícolas, a repressão terá outros alvos, conforme explica o ministro.

Além disso, Lewandowski reforça que as investigações não necessariamente se referem a facções conhecidas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital). "Pode ser que haja organização criminosa especializada em distribuir metanol para adulterar bebidas, não deixa de ser uma organização criminosa."

O que é metanol?

O metanol é uma substância líquida, inflamável e incolor. É amplamente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos.

Tem grande potencial de intoxicação, e quando consumido pode levar à morte mesmo em doses pequenas.

Operação Tank

A Operação Tank é uma das duas deflagradas pela PF contra o envolvimento do crime organizado no setor de combustíveis, além da deflagrada pelo MPSP (Ministério Público de São Paulo) no dia 28 de agosto. Apesar de todas terem o mesmo foco, são investigações diferentes.

A ação da PF tem como foco o desmantelamento de uma das maiores redes de lavagem de dinheiro já identificadas no estado do Paraná. Estão sendo cumpridos 14 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão nos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

O grupo criminoso atuava desde 2019 e é suspeito de ter lavado pelo menos R$ 600 milhões, movimentando mais de R$ 23 bilhões por meio de uma rede composta por centenas de empresas, incluindo postos de combustíveis, distribuidoras, holdings, empresas de cobrança e instituições de pagamento autorizadas pelo Banco Central.

As investigações também revelaram práticas de fraude na comercialização de combustíveis, como adulteração de gasolina e a chamada “bomba baixa”, em que o volume abastecido é inferior ao indicado.

Táticas para ocultar a origem dos recursos, como depósitos fracionados em espécie (que ultrapassaram R$ 594 milhões), uso de “laranjas”, transações cruzadas, repasses sem lastro fiscal, fraudes contábeis e simulação de aquisição de bens e serviços, eram táticas utilizadas pelo grupo criminoso.

Além disso, o grupo é suspeito de se valer de brechas no Sistema Financeiro Nacional para realizar transações de forma anônima por meio de instituições de pagamento.

*Sob supervisão de AR.