Desmatamento na Amazônia atinge maior saldo da série histórica em maio

De acordo com a pesquisa do Imazon o desmatamento da Amazônia no mês de maio equivale a quase o tamanho da cidade do RJ

Iuri Corsini, da CNN, no Rio de Janeiro
Área de garimpo ilegal na Amazônia, no Alto Tapajós (PA)
Área de garimpo ilegal na Amazônia, no Alto Tapajós (PA)  • Foto: CNN (5.ago.2020)
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O desmatamento na Amazônia segue em níveis alarmantes e em ritmo acelerado como indica o Boletim do Desmatamento, divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). O mês de maio apresentou maior saldo da série histórica para o mês dos últimos 10 anos. Foi o terceiro mês consecutivo de recorde de deflorestamento.

A área desmatada em maio deste ano chegou a 1.125 km², o que corresponde a quase o tamanho do município do Rio de Janeiro (1.255,3 km²). Na comparação com maio de 2020, o desmatamento aumentou 70% na Amazônia.

Os estados onde mais houve desmatamento, segundo o estudo foram o Pará, Amazonas e o Mato Grosso, respectivamente, responsáveis por mais de 60% do desmatamento total detectado. Depois aparecem os estados de Rondônia, Acre, Maranhão e Roraima.

Segundo o levantamento, quando se analisa o desmatamento por categoria do território, 66% da perda ocorreu em áreas privadas ou sob outros estágios de posse, 17% em assentamentos, 15% em unidades de conservação e 2% em terras indígenas.

De acordo com o professor Renato Campello Cordeiro, mestre em geociências, o Brasil, a Amazônia acumula cerca de 200 bilhões de toneladas de carbono em sua biomassa e a mesma proporção nas áreas inundadas. Isso corresponde a aproximadamente 25% de todo o carbono presente na atmosfera. A sua manutenção incide diretamente em questões como a manutenção dos fluxos de umidade para o Centro Oeste e Sudeste.

Ainda segundo o professor Campello, o Brasil não está se mobilizando adequadamente para um problema grave com consequência sobre a Agricultura e a geração de Energia.

“Nossos reservatórios no Sudeste estão secando. E por quê? A floresta recarrega a atmosfera de umidade através dos fenômenos da Evapotranspiração. Menos floresta significa menos evapotranspiração e, consequentemente, menos transporte de umidade para regiões adjacentes e menos precipitações”, alertou Campello.

O Boletim também divulgou o índice de degradação da floresta Amazônica, que chegou, em maio, a 39 km². Isso representa um aumento de 144% em relação a maio do ano passado, quando a área degradada foi de 16 km².

“O Imazon classifica o desmatamento como o processo de realização do “corte raso”, que é a remoção completa da vegetação florestal. Na maioria das vezes, essa mata é convertida em áreas de pasto. Já a degradação é caracterizada pela extração das árvores, normalmente para fins de comercialização da madeira”, informa o Boletim.

O Imazon utiliza o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), desenvolvido por eles, que é uma ferramenta que utiliza imagens de satélites para fazer o monitoramento das florestas. Além disso, são utilizadas outras plataformas como o Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o GLAD, desenvolvido pela Universidade de Maryland.