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    Dia da Consciência Negra: evento debate Cultura, Educação e Justiça

    2ª Expo Internacional Dia da Consciência Negra, em São Paulo, terá diálogos, debates, programação plural e inclusiva.

    Amanda Alvesda CNN , São Paulo

    De acordo com a Organização das Nações Unidas, a população negra no Brasil é a que mais sofre com a desigualdade social. O Atlas da Violência de 2021, produzido pelo Ipea e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que, a chance de um negro ser assassinado no Brasil é 2,6 vezes maior àquela de uma pessoa não negra. E quando se trata feminicídio, os dados são ainda mais alarmantes — 66% do total de mulheres assassinadas no país são negras.

    Segundo Tom Farias, curador da 2ª Expo Internacional Dia da Consciência Negra, o foco é refletir o Brasil de hoje, olhando para o passado. “Tanto a história da Independência – que completa duzentos anos – quanto o processo em que se deu a abolição da escravatura no país são partes dos elementos que nos levaram a várias indagações, as quais trouxemos em formas de temas para dividir com o público, no geral estudiosos, estudantes e professores, qual Brasil desejamos para o futuro e para as novas gerações. Certamente indagamos sobre a dimensão de se comemorar o Dia da Consciência Negra, o reflexo dessa data na sociedade, como a paulistana, e a dimensão do racismo estrutural, que continua a provocar mazelas, ofensas e, muitas vezes, a sacrificar vidas, tanto do ponto de vista psicológico, com base na autoestima, quanto do físico, com a morte – ainda hoje a maior parcelas dos que perdem a vida por ações violentas, seja pela polícia ou outros, são parte da população negra, em São Paulo ou no país” reflete.

    Nos dias 18, 19 e 20 de novembro, a 2ª Expo Internacional, em São Paulo, promoverá encontros com três temas principais: Cultura, Educação e Justiça. A ação trará diálogos, debates, programação plural e inclusiva. Para o curador, o evento é necessário na sociedade brasileira, principalmente quando o assunto é racismo. “Do ponto de vista da luta antirracista, trabalhar ações que pautam pela denúncia contra o racismo e façam reflexões no campo de como ainda hoje se dá muitos gestos e atos raciais no país é uma resposta de resistência a grupos supremacistas raciais, que, no geral, pregam uma sociedade justa, porém mantem práticas raciais, muitas vezes eivadas de ódios, contra a população negra em geral”, aponta.

    Contexto Histórico

    A Lei 10.639/03 estabelece, no currículo escolar, a obrigatoriedade do ensino da história cultural afro-brasileira no ensino regular público e privado.

    “O fato de não fazer parte da sua realidade de vida faz com que boa parcela dos brasileiros – em geral não negros – não deem importância ou tratem o tema com a seriedade que ele merece, ou se filiem à luta antirracista no país – é como se essa problemática não dissesse respeito a eles, e, sim, apenas aos negros”, observa Tom Farias, que também é pesquisador na área de resgate de figuras de grande importância para a história, a cultura e a literatura afro-brasileiras.

    Ainda sobre educação, Tom completa “na sociedade brasileira como um todo, é muito mais fácil ver alunos do ensino básico, ou seja, fundamental e médio, dissertarem sobre a Grécia, a França, o Egito ou mesmo os Estados Unidos. Isso não acontece quando falamos do Continente Africano. A ignorância é tão grande que muitos se referem à África como uma única região. O Continente Africano é o terceiro maior do mundo e o segundo mais populoso, mas mal conhecemos suas grandes riquezas e cultura” debate.

    Racismo: um problema de todos

    Segundo o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT, a diferença entre Racismo e Injúria Racial é o direcionamento da conduta, ambos são crimes. Injúria Racial é a ofensa direcionada a um indivíduo específico, já o racismo é a ofensa contra uma coletividade, por exemplo, toda uma raça em que não há especificação de quem foi ofendido.

    “Os avanços no combate ao racismo, no Brasil, têm caminhado, mas a passos bem lentos. Hoje ainda inexiste uma política mais séria para tratar do problema em corporações, grupos empresariais, setor público, e, sobretudo, na educação brasileira, desde a formação básica. Um aluno desconhece tudo sobre os países africanos – que são 54 em toda sua extensão – e isso provoca muitas dúvidas e falta de aparato intelectual para entender o problema racial. Por outro lado, a formação educacional brasileira ensina que negro está ligado a “escravo”. Isto é um absurdo. Em África essa palavra só foi empregada pelos colonizadores, porque para a população desses países o ser “escravo” nunca existiu. Eles se consideram ‘escravizados’, isto sim. No Brasil, esse termo já vem sendo usado com frequência pelo movimento social negro. Esta ação pode ser considerada uma parte desse avanço de que estamos falando” conclui Tom Farias.

    A 2ª Expo Internacional Dia da Consciência Negra acontecerá entre os dias 18 e 20, no Expo Center Norte – Pavilhão Branco.

    Confira a programação completa:

    DIA 18/11
    *Programação sujeita a alterações

    PAINÉIS

    10h30 às 11h30 – Painel 1 – Sentidos de Liberdade: Independência, Abolição, Quilombismo

    Palestrantes:

    Flávio Gomes, historiador e professor da UFRJ
    Lília Schwarcz, historiadora, professora titular no Departamento de Antropologia da USP
    Mediação: Tom Farias, jornalista e escritor

    13h às 14h – Painel 2 – Escrita negra e vida: que joelho é este que tanto as sufoca?

    Palestrantes:

    Cuti, poeta e ensaísta
    Míriam Alves, poeta e romancista.
    Mediação: Tom Farias, jornalista e escritor

    14h20 às 15h20 – Painel 3 – Biografias Negras: Os retratos do Brasil

    Palestrantes:

    Bianca Santana, biógrafa
    Jeruse Romão, biógrafa
    Mediação: Oswaldo Faustino, jornalista

    15h40 às 16h40 – Painel 4 – Modernismos e Modernidades: Os Lima Barreto de hoje

    Palestrantes:

    Paulo Lins, romancista e roteirista
    Geovane Martins, escritor
    Mediação: Paulo Scott, escritor e professor universitário

    17h às 18h – Painel 5 – Herdeiras Africanas: Histórias, vozes e literaturas

    Palestrantes:

    Paulina Chiziane, escritora moçambicana
    Tom Farias, jornalista e escritor

    SHOWS

    13h30 às 14h30 – Samba da Vela convida Anderson Tobias
    19h às 20h –  Ao Cubo
    21h às 22h –  Majur

    DIA 19/11
    *Programação sujeita a alterações

    PAINÉIS

    10h30 às 11h30 – Painel 1 – A língua africana no dialeto Tropicália: Trajetórias e percursos

    Palestrantes:

    Yeda Pessoa de Barros, linguística
    Sérgio Rodrigues, escritor e ensaísta

    13h às 14h – Painel 2 – Produção literária sob contexto da pós-abolição

    Palestrantes:

    Eliana Alves Cruz, escritora
    Itamar Vieira Júnior, escritor
    Mediação: Valéria Lourenço, poeta

    14h20 às 15h20 – Painel 3 – Sobre o amor: O que os mitos e a filosofia africana têm a nos dizer

    Palestrantes:

    Renato Noguera, filósofo
    Carla Akotirene, pensadora.
    Mediação: Angélica Ferrarez, historiadora.

    15h40 às 16h40 – Painel 4 – A Filosofia pela ancestralidade: História e legados

    Palestrantes:

    Djamila Ribeiro, filósofa.
    Marta Suplicy, secretária de Relações Internacionais de São Paulo

    17h às 18h – Painel 5 – Racismo no esporte: Futebol e afins

    Palestrantes:

    Robson Caetano, velocista.
    Mário Aranha, jogador.
    Mediação: Lica Oliveira, atleta

    SHOWS

    13h30 às 14h30 – Samba de Dandara
    19h às 20h30 – Black Mad e DJ Easy Nylon
    20h30 às 22h – Fundo de Quintal

    DIA 20/11
    *Programação sujeita a alterações

    PAINEL ESPECIAL

    10h30 às 11h30 – População Carcerária: Presente, Passado e Futuro

    Palestrantes:

    Dexter, cantor
    Ângelo Canuto, escritor e empresário de cantores e jogadores

    11h20 às 12h – Bate-papo: Racismo no esporte

    Palestrantes:

    Renata Ribeiro de Menezes Bernardo, jornalista
    Alessandra Santos de Oliveira, medalhista olímpica e Campeã Mundial de Basquetebol Feminino
    Jadel Abdul Ghani Gregório, campeão Pan- Americano e Vice Campeão Mundial no Salto Triplo
    Suellen Rocha, Campeã da Copa Libertadores da América e atleta profissional de Futebol
    Gustavo Araújo, Campeão Paralímpico e Recordista Mundial no 4 x 100 metros Atletismo
    Daiane dos Santos, ex-ginasta e medalhista olímpica

    16h às 17h – CNN no Plural: Jornalismo inclusivo em pauta

    Letícia Vidica, jornalista, idealizadora do projeto CNN No Plural e Gerente de Conteúdo CNN Brasil
    Basília Rodrigues, jornalista e analista de Política CNN Brasil
    Mediação: Rafael Câmara, jornalista, líder do projeto CNN No Plural e especialista LGBTQIA+

    SHOWS

    15h às 16h – Luciana Mello e Walmir Borges
    17h às  18h – Luedji Luna e Rincon Sapiência
    19h às  20h – Péricles

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