Elza Soares usou sua voz para falar de fome, racismo e violência
Intérprete de imensas qualidades vocais e de repertório teve carreira marcada também por luta social
A perda de Elza Soares é gigante para a música brasileira. E acontece no dia do padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, São Sebastião, e no mesmo dia da morte de Garrincha, que morreu em 20 de janeiro de 1983.
É uma morte com muitos simbolismos e um momento para reverenciarmos essa grande intérprete.
Elza foi descoberta num programa de calouros nos anos 1960, conduzido pelo compositor Ary Barroso. Ela tinha apenas 13 anos de idade e foi criticada pela forma como estava vestida. “De que planeta você vem?”, perguntaram. E ela respondeu: “Venho do planeta fome”. Neste dia, ela cantou uma música chamada Lama.
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Elza Soares faleceu nesta quinta-feira (20) aos 91 anos, em casa, de causas naturais • Reprodução/Facebook
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Cantora era referência na música popular brasileira; dentre seus sucessos estão as músicas "A Carne" (2002) e "A Mulher do Fim do Mundo" (2015) • Harry How/Getty Images (29.jul.2007)
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Nascida no subúrbio do Rio de Janeiro, a vida da cantora foi marcada por tragédias e reviravoltas
• Lunae Parracho/LatinContent via Getty Images (12.fev.2010)
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Antes da fama, Elza dividiu infância humilde com dez irmãos • Jack Vartoogian/Getty Images (05.ago.2017)
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Militante de causas sociais, costumava abordar temas como feminismo e racismo • Mauricio Santana/Getty Images (9.mar.2018)
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Em 1999, Elza Soares foi eleita a voz do milênio pela BBC de Londres • Getty Images (05.ago.2017)
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Cantora era conhecida por interpretações marcantes, voz rouca e figurinos extravagantes • JazzArchivHamburg/ullstein bild via Getty Images
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No carnaval de 2020, Elza Soares foi enredo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel • Mauricio Santana/Getty Images (29.set.2019)
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Grande representante do samba, Elza desfilou no Carnaval de 2020 • Reprodução/Mocidade Independente de Padre Miguel
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Em 2010, a cantora foi madrinha de bateria da Mocidade Independente • Reprodução/Mocidade Independente de Padre Miguel
Quando ela se separou do jogador Garrincha, nos anos 1980, pensou em abandonar a carreira. Mas uma composição de Caetano Veloso, feita especialmente para ela, fez a cantora retomar sua trajetória.
Elza sempre esteve próxima dos movimentos negros, exaltou a própria negritude e suas origens. Nos últimos anos, denunciou a violência contra a mulher, da qual ela própria foi vítima.
Mais recentemente, lançou o Planeta Fome, em referência a sua história original. Elza tinha uma postura antirracista, de luta pela igualdade entre os gêneros.
Confira o comentário completo de Leandro Resende no vídeo acima.