Morre Elza Soares aos 91 anos no Rio de Janeiro
Cantora e compositora morreu em sua casa, na capital fluminense
A cantora e compositora Elza Soares morreu aos 91 anos nesta quinta-feira (20) por causas naturais. A informação foi divulgada por familiares em conta que pertencia à cantora nas redes sociais.
“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz o comunicado, assinado por Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e Equipe Elza.
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Elza Soares faleceu nesta quinta-feira (20) aos 91 anos, em casa, de causas naturais
Crédito: Reprodução/Facebook - 2 de 10
Cantora era referência na música popular brasileira; dentre seus sucessos estão as músicas "A Carne" (2002) e "A Mulher do Fim do Mundo" (2015)
Crédito: Harry How/Getty Images (29.jul.2007) - 3 de 10
Nascida no subúrbio do Rio de Janeiro, a vida da cantora foi marcada por tragédias e reviravoltas
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Antes da fama, Elza dividiu infância humilde com dez irmãos
Crédito: Jack Vartoogian/Getty Images (05.ago.2017) - 5 de 10
Militante de causas sociais, costumava abordar temas como feminismo e racismo
Crédito: Mauricio Santana/Getty Images (9.mar.2018) - 6 de 10
Em 1999, Elza Soares foi eleita a voz do milênio pela BBC de Londres
Crédito: Getty Images (05.ago.2017) - 7 de 10
Cantora era conhecida por interpretações marcantes, voz rouca e figurinos extravagantes
Crédito: JazzArchivHamburg/ullstein bild via Getty Images - 8 de 10
No carnaval de 2020, Elza Soares foi enredo da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel
Crédito: Mauricio Santana/Getty Images (29.set.2019) - 9 de 10
Grande representante do samba, Elza desfilou no Carnaval de 2020
Crédito: Reprodução/Mocidade Independente de Padre Miguel - 10 de 10
Em 2010, a cantora foi madrinha de bateria da Mocidade Independente
Crédito: Reprodução/Mocidade Independente de Padre Miguel
“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação”, diz ainda o texto.
O velório e sepultamento de Elza Soares será realizado nesta sexta-feira (21), no Theatro Municipal do Rio. Entre as 9h e 10h da manhã será fechado para familiares e amigos.
Entre 10h e 14h, o velório será aberto ao público.
Em seguida, o Corpo de Bombeiros fará o translado pela Avenida Atlântica até o cemitério Jardim da Saudade Sulacap.
Lá também será feito um velório, às 15h, restrito aos familiares e amigos. O sepultamento acontecerá às 16h, no setor do Cristo Redentor.
“A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, conclui a nota.
Elza iria se apresentar no dia 3 de fevereiro, em São Paulo, e nos dias 19 e 28 de fevereiro, no Rio de Janeiro. A cantora tinha shows marcados ainda para Curitiba e Belo Horizonte e agenda até o mês de agosto.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, disse que vai decretar luto de três dias na cidade a partir desta sexta (21).
Diversos artistas e escolas de samba prestaram homenagem à “Mulher do fim do Mundo”, ressaltando o legado social e musical da cantora e compositora.
Carreira
Nos últimos anos, Elza se manteve ativa no mundo musical e na militância política. Seus três últimos álbuns estiveram carregados da temática feminina.
Lançou, em 2019, o álbum “Planeta fome”, que foi um marco em sua carreira, onde abordou o período em que perdeu dois filhos para a inanição e ela própria quase morreu.
Antes, em 2018, lançou “Deus É Mulher” e, em 2015, Mulher do Fim do Mundo.
Ao todo, Elza Soares lançou 34 álbuns ao longo da sua carreira. Seu talento foi revelado em 1953, quando participou do programa “Calouros em desfile”, apresentado por Ary Barroso na Rádio Tupi.
“Entrei segurando minha roupa para ela não desmontar e arrastando uma sandália muito vagabunda, que era a única que eu tinha, e o Ary logo me olhou com aquela cara de quem ia aprontar alguma comigo”, lembrou a cantora na biografia “Elza”, escrita pelo jornalista Zeca Camargo.
“‘O que você veio fazer aqui?’, perguntou impiedoso. ‘Vim cantar’, respondeu Elza, achando que era melhor não ceder às brincadeiras. Ele dobrou então a provocação: ‘E quem disse que você canta?’ Outra resposta curta: ‘Eu, seu Ary’”, diz outro trecho do livro.
Em 2000, Elza Soares foi eleita a voz do milênio pela BBC.
Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), a cantora e compositora tinha 864 gravações cadastradas.
Vida
Nascida em 23 de junho de 1930 na zona oeste do Rio de Janeiro, casou-se aos 12 anos com um homem dez anos mais velho, Alaúrdes Soares, e foi mãe aos 13. Elza perdeu dois dos cinco filhos por causa da inanição e ficou viúva aos 21.
Conheceu Garrincha nos anos 1960, com quem teve um filho. Eles ficaram juntos por 15 anos e, ao longo deste período, Elza sofreu com episódios recorrentes de violência doméstica, relatados anos depois.
Assim como Elza, Garrincha morreu também em um 20 de janeiro. Foi em 1983.
A cantora também foi samba enredo da Mocidade Independente de Padre Miguel, em 2020, com o tema “Elza Deusa Soares”.
Na divulgação da canção, a escola saudou a compositora e a descreveu como “incendiária” e “monumento vocal”.
“Deus é mesmo mulher. Deus é negra. / Ouçam a sua palavra que nos invade. / Salve a Mulher do Fim do Mundo. / Salve Elza Deusa Soares”, finaliza a sinopse.