Ex-diretor do Inpe, Galvão vê com preocupação exoneração de pesquisadora

Lubia Vinhas era coordenadora-geral da Observação da Terra, responsável pelo monitoramento de oito biomas brasileiros

Teo Cury, da CNN em Brasília
O cientista Ricardo Galvão
O ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão (24.set.2019)  • Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
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O ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Ricardo Galvão disse, em conversa com a CNN nesta terça-feira (14), ter visto com preocupação a exoneração da pesquisadora Lubia Vinhas da coordenação-geral da Observação da Terra, responsável pelo monitoramento de oito biomas brasileiros. 

Galvão foi exonerado no ano passado após críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, que acusou o Inpe de mentir sobre dados de desmatamento.

Hoje, Galvão disse que a situação é “extremamente preocupante”.

Segundo o ex-diretor do Inpe, se a intenção era boa, o momento da exoneração da pesquisadora passa uma “mensagem muito ruim” em meio ao anúncio do aumento do desmatamento na Amazônia e às cobranças de investidores estrangeiros e brasileiros à política ambiental do governo Bolsonaro.

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Comentário no YouTube

Pouco antes do início da transmissão da entrevista coletiva para explicar a reestruturação do Inpe, Galvão comentou na área de bate-papo do canal de YouTube do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações sobre as mudanças que serão anunciadas. 

“Espero que nesta mudança organizacional e escolha de novo diretor, lutemos para manter o Inpe uma organização civil, sob soberania da competência científica e técnica e não da hierarquia militar!”, escreveu.

O ministério informou ontem (13) por meio de nota que a exoneração fazia parte de um processo de reestruturação do órgão. À CNN, Galvão disse que o diretor Darcton Policarpo Damião não poderia fazer todas essas mudanças por estar no cargo interinamente.

Por fim, Galvão afirmou que a transferência da pesquisadora para a chefia da Divisão de Projeto Estratégico para implementar a nova Base de Informações Georreferenciadas demonstrou falta de transparência. 

“É a área de especialidade dela, mas ela não foi avisada com antecedência. Soube com a publicação do Diário Oficial da União”, afirmou.