Homicídios aumentaram 507% em região onde jornalista e indigenista desapareceram
Mortes no primeiro trimestre de 2022 já superam as 14 registradas ao longo de todo o ano de 2019 na região
Os homicídios na região sudoeste do Amazonas aumentaram de 14 em 2019 para 85 em 2021, um crescimento de 507%, de acordo com relatórios anuais da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas. Esta é a região do estado onde, segundo confissão à Polícia Federal, o suspeito Amarildo Oliveira da Costa teria assassinado o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Araújo Pereira.
Além disso, com 18 assassinatos nos primeiros três meses deste ano, 2022 já supera os 14 registrados ao longo de todo o ano de 2019 na região. Tabatinga foi o município que mais registrou homicídios entre janeiro e março, com 10 ao todo. As outras oito mortes foram notificadas em Fonte Boa (3), Eirunepé (2), Carauari (1), Ipixuna (1) e São Paulo de Olivença (1).
A cidade da região com maior aumento de assassinatos no período foi Tabatinga, que registrou três homicídios em 2019, 46 em 2020 e 52 em 2021 – aumento de 1.600% em dois anos. Envira e Benjamin Contant foram as cidades do sudoeste amazonense com mais homicídios depois de Tabatinga, com oito registros cada.
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Testemunha levada pela PF até local de suposto desaparecimento de jornalista e indigenista no Amazonas Brazil. As mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips foram confirmadas nos dias 17 e 18 de junho. REUTERS/Bruno Kelly • REUTERS/Bruno Kelly
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Policiais acompanham testemunha (de vermelho) em busca por jornalista e indigenista no Amazonas • Reprodução/CNN Brasil (15.ju.2022)
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Desaparecimento Dom Phillips e Bruno Pereira, equipe faz perícia • Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real
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Polícia Federal leva testemunha até suposto local onde desapareceram jornalista inglês e indigenista REUTERS/Bruno Kelly • Bruno Kelly/REUTERS
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Buscas em Atalaia do Norte (AM) por jornalista inglês e indigenista desaparecidos • Nailson Tenazor/Jambo Verde
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Buscas ocorrem no Vale do Javari, em Atalaia do Norte, e seguem de forma ininterrupta por meio terrestre e fluvial • Comando Militar Amazônia
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Perícia na lancha de suspeito preso por suspeita de envolvimento no desaparecimento de dupla no Amazonas • Polícia Federal
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Combatentes da 16º Brigada de Infantaria de Selva continuam buscas por jornalista britânico Dom Phillips e indigenista Bruno Araújo Pereira • Comando Militar Amazônia
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De acordo com as entidades, o indigenista é alvo de ameaças de madeireiros e garimpeiros que tentam invadir terras indígenas na região • Comando Militar Amazônia
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Comando Militar Amazônia faz buscas por desaparecidos por meios terrestres e fluviais • Comando Militar Amazônia
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Ferreira e Phillips desapareceram no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte • Comando Militar Amazônia
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Secretaria de Segurança Pública do Amazonas enviou reforço policial para o município de Atalaia do Norte • Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas
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Equipe faz buscas por dupla desaparecida no Amazonas • Polícia Federal
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Força-tarefa coordenada pela Secretaria de Segurança Pública do estado conta com 20 agentes para busca por desaparecidos • Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas
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Área onde equipes fazem buscas por dupla desaparecida no Amazonas • Polícia Federal
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Comitê prossegue com as buscas fluviais e o reconhecimento aéreo na região do Rio Itaquaí, último local em que os dois foram vistos. • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, foi preso temporariamente por suspeita de envolvimento no desaparecimento da dupla • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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Comitê busca por jornalista britânico Dom Phillips e indigenista Bruno Araújo Pereira, desparecidos no Amazonas • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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Neste domingo (12) completou uma semana do desaparecimento de indigenista e do jornalista • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) emitiu uma resolução com solicitações ao governo brasileiro a respeito do paradeiro da dupla • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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Equipes da Operação Javari encontraram no sábado (11) uma embarcação na região de buscas • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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Vestígios, como a beira de um barranco onde uma embarcação poderia ter sido arrastada, foram observados pela equipe de busca • Reprodução/Comando Militar Amazônia
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Mochila encontrada em área de buscas por desaparecidos; Polícia Federal confirmou que o objeto e outros materiais pertencem a Bruno Araújo e Dom Phillips • União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja)
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Área de aldeia no Vale do Javari, onde desapareceram o indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips • Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real
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Equipes de peritos analisam embarcação de um dos suspeitos pelo desaparecimento do indigenista e do jornalista inglês no Amazonas • Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real
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Área de buscas em Atalaia do Norte • Foto: Cícero Pedrosa Neto/Amazônia Real
O aumento nos homicídios da região segue a tendência de aumento do estado. De 2019 para 2021, houve um aumento de 44% no número de assassinatos no Amazonas.
Ao todo, foram registrados 1.464 no estado, 1.060 dos quais, em Manaus, capital e cidade mais populosa do estado. Depois de Manaus, as cidades que mais registraram homicídios em 2021 foram Iranduba (67), município localizado a 38km da capital, e Tabatinga.
Desaparecimentos
A região onde o jornalista e o indigenista desapareceram teve apenas um outro caso de pessoa desaparecida desde 2019, em Tabatinga. No entanto, os municípios do interior do estado do Amazonas registraram 138 desaparecimentos de pessoas em 2021, maior número em dez anos, de acordo com os relatórios anuais da Secretaria de Segurança Pública do estado. Os relatórios mostram ainda que os dois primeiros meses de 2022 foram os piores da década, com 32 pessoas desaparecidas.
Ainda de acordo com os relatórios, apenas 13 das 909 pessoas desaparecidas no interior do Amazonas foram localizadas entre 2012 e 2021. Foram três pessoas encontradas em 2016, oito em 2020 e duas em 2021. Não há dados sobre os localizados em 2022.
Já na capital, o número de desaparecimentos está em queda. Foram 851 casos em 2019 e, desde então, a tendência foi de queda, com 555 registros em 2020 e 539 em 2021. No entanto, os dois primeiros meses de 2022 tiveram aumento de 107% no número de pessoas desaparecidas em relação ao mesmo período de 2021.
Os dados da capital mostram ainda que existe uma diferença de faixa etária entre os desaparecimentos de acordo com o sexo das pessoas. Entre as mulheres, a faixa mais afetada em Manaus foi de jovens entre 12 e 17 anos, com 225 desaparecidas. Já entre os homens, a faixa etária de 35 a 64 anos é a que tem mais registros, com 428.
Ao todo, o Amazonas registrou 9128 desaparecimentos desde 2012. Deste total, 295 pessoas foram encontradas no mesmo período, número que corresponde a 3,23% dos desaparecidos. O ano em que mais pessoas foram localizadas foi 2018, com 81 encontros.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informa que “os municípios que integram o Vale do Javari são: Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Jutaí e São Paulo de Olivença. De acordo com o Centro Integrado de Estatística de Segurança Pública (CIESP), nestes municípios, de janeiro a março deste ano foi registrado um homicídio. No mesmo período do ano passado, foram registrados dois homicídios”.