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    Municípios sofrem com alto abandono escolar provocado pela Covid, aponta pesquisa

    Obtido com exclusividade pela CNN, levantamento realizado pela Confederação Nacional de Municípios (CNM) mostra que Saúde e Educação ainda sentem impactos da pandemia apesar de melhora no cenário epidemiológico

    Filipe BrasilLucas Janoneda CNN , no Rio de Janeiro

    Apesar da melhora no cenário epidemiológico do Brasil, a Educação e a Saúde públicas em diversos municípios ainda sofrem com os impactos da pandemia de Covid-19. É o que aponta uma pesquisa inédita da Confederação Nacional de Municípios (CNM), obtida com exclusividade pela CNN nesta quinta-feira (28).

    O questionário foi enviado a todas as prefeituras do país, entre 4 e 14 de abril. Quanto às dificuldades na área de Educação, 809 municípios responderam a pesquisa, o que corresponde a 14,52% dos entes locais brasileiros.

    Segundo eles, entre os principais problemas enfrentados, estão o “déficit de aprendizagem dos alunos em razão da pandemia” e a “elevada taxa de abandono escolar”.

    De acordo com o estudo, a suspensão de aulas presenciais em razão da pandemia trouxe um agravamento da desigualdade educacional. As prefeituras afirmam ainda que enfrentam dificuldades para pagar os servidores.

    Para Claudia Costin, especialista CNN em Educação, a falta de estrutura para ensino remoto e o desemprego agravaram a situação educacional brasileira na pandemia.

    “Os adolescentes acabaram se envolvendo em trabalho infantil para complementar renda na pandemia e, infelizmente, vão pagar por isso no futuro. Outro fator que prejudicou o ensino foi o isolamento, já que muita gente não tinha conexão com a internet”, disse.

    “Os jovens não só perderam o aprendizado como se desconectaram com a escola, então retomar o hábito de aprender não é fácil. Temos iniciativas de busca ativa, como da Unicef, que é um método interessante para tentar recuperar essas pessoas”, complementou Claudia Costin.

    Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgados em janeiro deste ano, em diversos estados brasileiros, cerca de três em cada quatro crianças do 2º ano estão fora dos padrões de leitura – número acima da média registrada antes da pandemia, de uma em cada duas crianças.

    Ainda segundo a organização, antes da reabertura das escolas, um em cada dez estudantes de 10 a 15 anos relatou que não planejava voltar às aulas quando reabrissem.

    Impactos da pandemia na saúde

    Já sobre a Saúde Pública, um total de 1.059 prefeituras responderam ao levantamento, o que equivale a 19% dos municípios.

    De acordo com as respostas, o principal vilão é o repasse insuficiente de verbas pelo governo federal. Durante a pandemia, esse financiamento teve papel central na aquisição de equipamentos de proteção individual para o combate à Covid.

    Logo em seguida, aparece a falta de efetivo (médicos e enfermeiros), intensificada pelas mortes causadas pelo vírus. A lista também aponta a constante dificuldade de acesso dos municípios ao imunizante contra a Covid, cuja distribuição é de responsabilidade do governo federal.

    “O enfrentamento dessa dificuldade está diretamente relacionado às condições federais de combate, envolvendo a disponibilização de vacinas no tempo e quantidade adequada, nas estruturas e recursos humanos capacitados para gestão de emergências em saúde pública e para o cuidado das sequelas clínicas e sociais da pandemia”, destaca um trecho do estudo.

    A professora de epidemiologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Gulnar Azevedo concorda com o cenário descrito pela pesquisa e deixa claro que a situação da saúde brasileira está “crítica”.

    “Os municípios brasileiros precisam muito do repasse do governo federal para poder dar garantias de assistência e vigilância epidemiológica para Covid-19 e outras doenças. Os problemas de saúde aumentaram com a pandemia e a situação está ficando crítica. É necessário contratar mais trabalhadores de saúde, treiná-los e garantir assistência em todos os níveis”, explicou à CNN a professora de epidemiologia da Uerj.

    A CNN procurou o Ministério da Saúde para repercutir os pontos apontados pelas prefeituras na pesquisa e aguarda retorno.

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