“Crime bárbaro”, diz Marina Silva sobre assassinato de funcionário do Ibama
Vítima sofreu emboscada e foi morta a tiros durante operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa, no sudeste do Pará.

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, classificou como um “crime bárbaro” o assassinato de um funcionário do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), morto a tiros durante uma operação de desintrusão na Terra Indígena Apyterewa, no sudeste do Pará.
O ataque ocorreu enquanto equipes federais atuavam na retirada de invasores da área indígena. A CNN Brasil apurou que um dos tiros atingiu o pescoço da vítima.
Segundo a Polícia Científica do Pará, a vítima foi identificada como Marcos Antônio Pereira da Cruz. Ele chegou a receber atendimento das equipes de resgate e de saúde, foi encaminhado de helicóptero para um hospital no interior, mas não resistiu aos ferimentos.
Em nota, Marina Silva afirmou ter recebido com “profunda tristeza” a notícia da morte do colaborador, que atuava no contexto de uma operação integrada envolvendo o Ministério dos Povos Indígenas, Funai, Abin, Força Nacional de Segurança Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e a Agência de Defesa Agropecuária do Pará.
“Perdemos um colaborador das equipes do Ibama no exercício de suas atividades profissionais, as quais realizava com coragem e dedicação”, afirmou a ministra, ao prestar solidariedade à família, amigos e colegas de trabalho da vítima.
Marina destacou ainda que a Polícia Federal está empenhada nas investigações e reforçou que é dever do poder público garantir a segurança de quem atua em defesa do patrimônio ambiental do país. “Nosso esforço é para que esse crime bárbaro seja rigorosamente investigado e punido”, disse.
Ocupação ilegal
A operação de retirar invasores na Terra Indígena Apyterewa tem se concentrado na retirada de cerca de 1,3 mil cabeças de gado, distribuídas em aproximadamente 45 pontos dentro do território indígena, segundo estimativas do órgão ambiental.
A área, que abriga o povo Parakanã, é considerada uma das mais conflituosas da Amazônia. De acordo com estudos do Imazon, a TI Apyterewa liderou, por quatro anos consecutivos, o ranking de maior desmatamento do Brasil, com perda de vegetação equivalente ao tamanho da cidade de Fortaleza. A região é alvo constante de disputas envolvendo garimpeiros, madeireiros e criadores de gado.
Em nota conjunta, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e a Funai lamentaram o assassinato e condenaram o ataque à equipe que cumpria decisão judicial para a proteção dos territórios indígenas e a conservação do meio ambiente.
Posicionamento do governo
O Governo Federal reforçou que a desintrusão é necessária para garantir os direitos constitucionais originários dos povos indígenas e conter os danos ambientais graves registrados na região.
Equipes da Polícia Federal de Redenção atuam no local para identificar os pistoleiros envolvidos no crime.
Em nota, o Ibama informou que está prestando apoio integral à família da vítima, incluindo assistência social e psicológica, além de suporte nos procedimentos de liberação do corpo no Instituto Médico Legal (IML), transporte até Brasília (DF) e organização do funeral.
Já a Polícia Científica do Pará informou na tarde desta terça-feira (16) que o corpo da vítima permanece em perícia e será liberado aos familiares após a conclusão dos exames.

