Por OEI: “Diálogos sobre a Educação” discute o cenário da Primeira Infância no país
Promovido pela Organização de Estados Ibero-americanos no Brasil (OEI), o evento reuniu juristas, gestores e especialistas para debater, apresentar experiências e traçar estratégias para o fortalecimento das políticas integrais para a educação
Nos últimos dias 14, 15 e 16 de dezembro a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI) promoveu a 2ª edição do “Diálogos sobre a Educação”.
O evento, realizado no Complexo Brasil 21, em Brasília, contou com a presença de especialistas na área e nomes relevantes, como José Henrique Paim, ex-ministro da Educação e atual coordenador da equipe de transição na área da educação; Benjamin Zymler, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU); Francisco Gaetani, especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental; Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco e Fernanda Castro Marques, do Movimento Colabora Educação, para debater os desafios e propor melhorias para o setor.
Programação intensa
O primeiro dia do encontro foi dedicado à educação na Primeira Infância, com debates acerca do tema e a apresentação da segunda etapa da pesquisa “Primeiros Anos”, da OEI no Brasil.
Primeiro levantamento a considerar o grande volume de variáveis encontradas nas bases de dados nacionais para os 5570 municípios do país, o estudo foi lançado em agosto de 2022 e buscou retratar com maior clareza a qualidade da oferta de educação na primeira infância, que vai muito além dos cuidados em manter a criança na creche e pré-escola. A pesquisa faz uma análise com base em quatro eixos: Gestão, Desenvolvimento Infantil, Pedagógico e Infraestrutura.
A ideia é que os dados, coletados a partir de entrevistas com mais de 5 mil pessoas, entre profissionais da área educacional, pais e gestores escolares, sirvam como base para propor a formulação de novas políticas públicas voltadas para crianças com idades de zero a 6 anos, faixa etária crucial para o pleno desenvolvimento humano.
“Entender como ocorre a oferta na Educação Infantil da rede pública brasileira é o primeiro passo para aprimorar políticas públicas para essa fase. Os cuidados adequados e as informações recebidas desde o nascimento permitem uma infância sadia, e consequentemente o desenvolvimento de senso crítico, apropriação de direitos e deveres, além de possibilitar melhores oportunidades de emprego, saúde, realização pessoal e habilidades sociais e emocionais importantes ao longo da vida. Um cidadão responsável, realizado e saudável impacta positivamente um país”, explicou Raphael Callou, diretor da OEI no Brasil.
No segundo dia do “Diálogos sobre a Educação”, os idiomas português e espanhol, falados por mais de 800 milhões de pessoas no mundo, foram abordados no contexto do bilinguismo e da interculturalidade, como forma de fortalecimento da produção cultural, acadêmica e econômica das nações ibero-americanas, proposta do projeto Escolas Interculturais Bilíngues: Cruzando Fronteiras, desenvolvido pelo organismo internacional em parceria com Ministério da Educação.
Na ocasião estiveram presentes o ex-ministro da Educação de Portugal, Nuno Crato; Gilvan de Oliveira, coordenador da Cátedra UNESCO em Políticas Linguísticas para o Multilinguismo e José Pacheco, referência mundial em inovação.
“Trouxemos especialistas de renome internacional para debater este importante tema para os países ibero-americanos, além de apresentarmos recomendações para ampliar as ações nas escolas, em especial aquelas que estão localizadas nas regiões de fronteira do Brasil”, explicou Callou.
A programação ainda incluiu a repercussão dos resultados e desdobramentos de dois encontros importantes realizados pelas nações ibero-americanas: a Conferência Internacional das Línguas Portuguesa e Espanhola (Cilpe), realizada em 2019, em Portugal, e em 2022, no Brasil, que tiveram como principal objetivo ampliar as publicações científicas nesses dois idiomas.
Já o terceiro e último dia do evento discutiu a importância da Governança na Educação, e contou com o lançamento de uma coletânea de mais de 40 artigos sobre o tema, desenvolvidos pelos principais juristas e gestores do país.
“Governança e a Educação Básica”, “Governança e o Regime de Colaboração”, e “A Relação da Governança com o Controle”, os três volumes de livros lançados na ocasião, trazem uma análise sobre o papel fundamental da governança e dos projetos organizacionais para que as experiências educativas assegurem, de fato, o desenvolvimento dos jovens e crianças.
Sobre a Organização de Estados Ibero-americanos (OEI)
Sob o lema “Fazemos a cooperação acontecer”, a Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) é, desde 1949, o primeiro organismo intergovernamental para a cooperação Sul-Sul no espaço ibero-americano. Atualmente, fazem parte do organismo 23 Estados-Membros, 19 escritórios nacionais, além da Secretaria-Geral sediada em Madri.
Com mais de 400 acordos e convênios ativos com entidades públicas, universidades, organizações da sociedade civil, empresas e outras organizações internacionais — como a União Europeia, o Banco Mundial, BID, CAF, a Unesco e a CPLP— a OEI representa uma das maiores redes de cooperação da Ibero-América. Entre seus resultados, a organização tem atualmente mais de 17 milhões de beneficiários diretos de seus projetos.