GLO não é uma solução para a violência armada no Rio, diz especialista
Em entrevista ao CNN 360°, Carolina Grillo, antropóloga da UFF, afirma que o uso das Forças Armadas em funções de segurança pública é uma medida inadequada e historicamente ineficaz
A convocação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combater a violência armada no Rio de Janeiro é considerada uma medida inadequada e potencialmente prejudicial, segundo avaliação da antropóloga Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF), em entrevista ao CNN 360°.
De acordo com Grillo, as experiências anteriores de emprego das Forças Armadas em funções de segurança pública no Rio de Janeiro resultaram em atuações desastrosas. A especialista ressalta que os militares são treinados para cenários de guerra, não para lidar com situações de violência armada em contextos urbanos.
Impactos nas comunidades
A implementação da GLO, segundo a antropóloga, resulta no tratamento das favelas como territórios hostis, submetendo populações inteiras a intervenções arbitrárias.
Essa abordagem compromete o funcionamento de serviços essenciais, como escolas e unidades de saúde, além de afetar a rotina dos moradores que enfrentam dificuldades para se locomover.
Necessidade de reformulação
A especialista defende uma reformulação das políticas de segurança pública, com foco em investigações inteligentes e no desmantelamento das redes criminais. Ela critica a atual estratégia centrada em operações de incursão armada em favelas, apontando a falta de investimento na investigação do tráfico de armas e no combate às bases econômicas das organizações criminosas.
Como exemplo de atuação eficaz, Grillo cita operações recentes da Polícia Federal que conseguiram atingir núcleos econômicos e financeiros de organizações criminosas sem confrontos armados, demonstrando que estratégias baseadas em inteligência podem ser mais efetivas no combate ao crime organizado.


