'Marmitas' lideram poluição por microplástico nas praias do Rio de Janeiro
Pesquisa da UFRJ identificou dois itens microplásticos, destes 70% é formado por isopor

Os resíduos plásticos de “marmitas” são as principais fontes de poluição por microplástico nas praias do Rio de Janeiro, segundo uma pesquisa da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), publicada na Anais da Academia Brasileira de Ciências nesta sexta-feira (3).
As amostras foram colhidas na Praia Vermelha, cartão-postal carioca, que sofre com o descarte inadequado de resíduos plásticos. No local, foram identificados 32 itens microplásticos, destes 70% é formada pelo poliestireno expandido, popularmente conhecido como isopor. O material é abundante em produtos descartáveis como embalagens de alimentos.
A pesquisa mostrou que, os diâmetros médios das amostras variaram entre 2.1 e 4 milímetros. Os itens encontrados apresentaram formatos diversos, como espuma, filamentos e pequenos grânulos.
Além do isopor, que corresponde à categoria de espuma, foram encontrados cerca de 18% de polietileno e 12% de polipropileno. Esses materiais podem ser encontrados em sacolas e filmes plásticos, copos descartáveis e tampas de garrafas.
A equipe já esperava encontrar microplásticos no local. “No entanto, a grande surpresa foi a expressiva quantidade de poliestireno, proveniente das 'quentinhas' de alimentação, especialmente durante os grandes feriados brasileiros”, afirma Marina Sacramento, pesquisadora da UFRJ e uma das autoras do artigo.
O isopor é reciclável, mas seu reaproveitamento encontra desafios como o descarte incorreto e o baixo valor de mercado do material, que inviabiliza ganhos financeiros para catadores e cooperativas.
A pesquisa estabeleceu e validou um protocolo padronizado para a coleta, tratamento e caracterização de microplásticos em areias de praias costeiras. A metodologia envolveu amostragem sistemática na linha de maré alta, flotação e tratamento laboratorial com microscopia óptica e Espectroscopia de infravermelho.
“Procuramos adaptar o protocolo às condições brasileiras, considerando fatores específicos como clima, velocidade do vento e marés, além de aspectos relacionados à latitude e longitude dos locais de coleta”, diz Marina Sacramento.
*Sob supervisão de Thiago Félix