Prisão de MC Poze é recado para quem romantiza o crime, diz polícia
Polícia Civil do Rio de Janeiro prende funkeiro por suposta apologia ao crime e envolvimento com o Comando Vermelho, gerando debate sobre liberdade de expressão
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realizou na manhã desta quinta-feira (29) a prisão do cantor de funk MC Poze do Rodo, em uma operação que marca uma nova abordagem nas investigações sobre a chamada "narcocultura".
Marlon Brandon Coelho Couto Silva, conhecido como MC Poze do Rodo, de 26 anos, foi detido em sua residência no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio. A prisão está relacionada a uma investigação baseada em um show realizado pelo artista em maio, na Cidade de Deus.
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Acusações e justificativas da polícia
Segundo as autoridades, o funkeiro foi preso por "apologia ao crime e envolvimento com o Comando Vermelho". A polícia alega que as letras das músicas de Poze do Rodo não apenas relatam a realidade das favelas, mas também exaltam facções criminosas e o tráfico de drogas.
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O secretário de Polícia Civil, Felipe Cury, enfatizou que a ação não visa censurar, mas combater o que chamam de "romantização do crime". As autoridades argumentam que as músicas do artista funcionam como uma espécie de propaganda para o crime organizado, potencialmente influenciando jovens a ingressarem em facções criminosas.
Repercussão e questionamentos
A prisão de MC Poze do Rodo, que conta com 5,8 milhões de ouvintes mensais no Spotify, gerou debate sobre os limites entre liberdade de expressão e apologia ao crime. Críticos questionam se a medida não configura uma forma de censura ou criminalização do funk.
A defesa do cantor informou que ainda não teve acesso aos autos do processo e que se manifestará após análise do caso. É esperado que os advogados entrem com pedido de habeas corpus, argumentando possíveis fragilidades na fundamentação da prisão.
O caso levanta questões sobre como as autoridades lidam com a representação da realidade das comunidades em expressões artísticas e a linha tênue entre relato e glorificação do crime organizado. A evolução deste processo pode estabelecer precedentes significativos para a indústria musical e a liberdade artística no Brasil.

