Bebida batizada com metanol: três bares são interditados em SP
Mais de 800 garrafas de bebidas sem procedência foram apreendidas; sete casos de intoxicação já foram confirmados, com cinco mortes em investigação

Três bares da Região Metropolitana de São Paulo foram interditados pela Vigilância Sanitária após operações realizadas entre segunda (29) e terça-feira (30). A ação ocorre em meio à investigação de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas.
CORREÇÃO: A versão anterior deste texto vinculou a fala "bebida quente é difícil comprar. A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos" ao dono do Bar Ministrão, localizado no Jardins, zona oeste de São Paulo, fechado pela Vigilância Sanitária. Porém, as palavras foram ditas por José Rodrigues, dono de um bar na Mooca, também interditado pelas autoridades da vigilância nesta terça-feira (30). O texto já foi corrigido.
Na capital, dois estabelecimentos foram fechados nos bairros dos Jardins e da Mooca, onde fiscais apreenderam mais de 800 garrafas sem rótulo e sem comprovação de origem. Já em São Bernardo do Campo, um bar foi interditado e diversas bebidas foram encaminhadas para perícia policial.
Entre os bares interditados, está um na região da Mooca, em São Paulo. Segundo Manoel Bernardes, diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, o estabelecimento adquiriu bebidas de um vendedor de rua.
Até o momento, foram registrados 22 casos suspeitos de intoxicação por metanol no estado. Entre eles, sete casos já foram confirmados como resultado da ingestão da substância, enquanto cinco óbitos estão sendo investigados — sendo uma morte confirmada por metanol e quatro ainda em análise pelas autoridades de saúde.
Outras fiscalizações foram realizadas. No Planalto Paulista, zona sul de São Paulo, um minimercado teve mais de 40 garrafas de whisky, gin e vodca apreendidas. O responsável foi levado à delegacia para prestar esclarecimentos.
Na região do M’Boi Mirim, uma distribuidora também foi alvo da operação e teve a comercialização de destilados parcialmente vetada, com parte das bebidas lacrada no local.
O que diz dono de um dos bares
José Rodrigues, que está há 22 anos à frente do bar na Mooca, negou ter vendido bebida falsificada após a interdição do local. Ele foi levado à delegacia e negou as irregularidades: “Não sei se a vodka é falsa. No meu comércio nunca entrou. Fiquei triste que o laudo saiu hoje dizendo que tinha metanol. Até a gente não tem conhecimento sobre isso”, disse.
Segundo Manoel Bernardes, diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, o estabelecimento adquiriu bebidas de um vendedor de rua, sem nota fiscal. José confirmou a compra com o distribuidor de rua: "Bebida quente é difícil comprar. A gente compra diretamente desses caras que vendem na rua, mas são conhecidos".
O dono ainda destaca que a vítima, apontada pela polícia como tendo consumido vodka no local, era um cliente conhecido da região. “A frequência aqui é tudo familiar, gente do bairro. Jamais eu compraria um negócio falso", completou.
Recomendação a estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas
O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) emitiu uma recomendação urgente aos estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e em regiões próximas. O documento do MJSP é direcionado a bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, organizadores de eventos, mercados, atacarejos, distribuidoras, plataformas de comércio eletrônico e aplicativos de entrega.
Em nota, o ministério recomendou atenção a itens com lacres tortos, erros evidentes de impressão e preços atipicamente baixos. O texto também alerta que devem ser tratados como suspeita de adulteração sintomas como visão turva, dor de cabeça e náusea.
O metanol é uma substância líquida, inflamável e incolor. É amplamente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos.


