Bebida com metanol: governo faz reunião com associações para discutir casos

Encontro aconteceu com o objetivo de escutar demandas e preocupações do setor diante dos casos de intoxicação

Julia Farias, colaboração para a CNN Brasil, em São Paulo
Polícia Civil faz nova vistoria em estabelecimentos na Grande São Paulo, para investigar a presença de bebidas alcóolicas adulteradas por metanol  • Freepik
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Em meio à investigação de casos de intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas, representantes do Governo de São Paulo se reuniram nesta terça-feira (30) com associações de bares, restaurantes, hotéis e supermercados para falar sobre os episódios recentes.

A reunião aconteceu com o objetivo de escutar as demandas e preocupações do setor diante dos casos de intoxicação, além de reforçar a atuação das autoridades contra o comércio irregular de bebidas.

Até o momento, São Paulo acumula 22 casos — sendo sete confirmados e 15 em apuração. Entre os 22 casos estão cinco mortes ligadas à suposta ingestão da substância, com um óbito confirmado na capital paulista e quatro mortes ainda sob investigação.

 

Entre os participantes presentes na reunião estavam representantes do Procon-SP, da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) e da Fhoresp (Federação de Hotéis e Restaurantes do Estado de São Paulo).

Durante o encontro, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, reforçou as ações do estado para combater os episódios, como a fiscalização a estabelecimentos e a disponibilização de canais de denúncia.

Como resultado da reunião, as autoridades decidiram criar um grupo de trabalho com as entidades, que devem de reuniões no próximo mês com o intuito de elaborar um documento técnico a respeito da situação a ser encaminhado ao governador.

Nesta terça, a Fhoresp voltou a chamar a atenção das autoridades sobre a urgência em combater a falsificação de bebidas no Brasil. Uma pesquisa do Núcleo de Pesquisa e Estatística da Fhoresp, divulgada em abril deste ano, apontou que 36% das bebidas comercializadas no Brasil eram fraudadas, falsificadas ou contrabandeadas.

De acordo com o relatório, vinhos e destilados estão entre os produtos mais afetados pela falsificação. Uma em cada cinco garrafas de vodca vendidas no país é adulterada, segundo o levantamento.

Nova vistoria

Na manhã desta quarta-feira (1°), a Polícia Civil faz uma nova vistoria em quatro estabelecimentos na Grande São Paulo, para investigar a presença de bebidas alcóolicas adulteradas por metanol.

Os alvos são dois estabelecimentos no bairro da Bela Vista, na região central da capital paulista, e outros dois na cidade de Barueri. A polícia não informou os endereços para não prejudicar a fiscalização.

Entre segunda (29) e terça-feira (30), três bares da Região Metropolitana de São Paulo foram interditados pela Vigilância Sanitária. Na capital, dois estabelecimentos foram fechados nos bairros dos Jardins e da Mooca, onde fiscais apreenderam mais de 800 garrafas sem rótulo e sem comprovação de origem.

Recomendações a estabelecimentos que vendem bebidas alcóolicas

O MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) emitiu uma recomendação urgente aos estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas no estado de São Paulo e em regiões próximas. O documento do MJSP é direcionado a bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, organizadores de eventos, mercados, atacarejos, distribuidoras, plataformas de comércio eletrônico e aplicativos de entrega.

Em nota, o ministério recomendou atenção a itens com lacres tortos, erros evidentes de impressão e preços atipicamente baixos. O texto também alerta que devem ser tratados como suspeita de adulteração sintomas como visão turva, dor de cabeça e náusea.

O metanol é uma substância líquida, inflamável e incolor. É amplamente utilizado como solvente, na fabricação de combustíveis, plásticos, tintas e medicamentos.

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