Defesa de Cupertino diz que denúncia se baseia em "personalidade violenta"

"Não cedam à pressão externa", disse advogada aos jurados

Rafael Saldanha, da CNN, em São Paulo
Paulo Cupertino esteve na lista de procurados até da Interpol
Paulo Cupertino foi preso em 2022 após estar foragido por três anos  • Reprodução
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A advogada Juliane Santos de Oliveira, que integra a defesa de Paulo Cupertino Matias, afirmou nesta sexta-feira (30) aos jurados que a "personalidade" do réu não deve ser o fator decisivo a ser levado em conta ao decidirem pela condenação ou absolvição.

Cupertino é acusado de ter matado, em 2019, o ator Rafael Miguel e os pais dele. O crime ocorreu na zona sul de São Paulo.

"A denuncia se baseia única e exclusivamente na personalidade de um homem violento", disse a advogada. "Em relação à personalidade, não dá para deixar de fora. Quase que [o julgamento] virou uma sessão de violência doméstica. E isso não é o objeto aqui", acrescentou.

Apesar de ter reconhecido a "personalidade violenta" de Cupertino, a defensora assegurou o réu "trabalhou muito para sustentar a família". Disse ainda que a filha dele, Isabela –que era namorada do ator assassinado– "não tem noção do que é sustentar um filho, quem dirá quatro, além de duas mães".

"Não cedam à pressão externa, ao que vocês ouviram ao longo dos anos. Se atentem ao que será apresentado", disse Juliane aos jurados. Ela afirmou ainda que "motivo não é prova".

Ainda se dirigindo aos jurados, a advogada de Cupertino declarou: "Os senhores não têm nenhuma obrigação [de condenar] sem ser a íntima convicção". "Se houver no íntimo de vocês o questionamento 'e se', a regra é a absolvição".

Durante o segundo dia do julgamento, advogada Mirian Souza, que também integra a defesa de Cupertino, se dirigiu aos familiares das vítimas: "Lamentamos muito pela perda dos senhores. O fato de estarmos defendendo o Cupertino não quer dizer que não sentimos."

Relatos de violência

Na quinta-feira (29), a filha e a ex-mulher de Cupertino relataram diversos casos de agressões que teriam sido feitas por ele. Isabela Tibcherani Matias, filha do réu, afirmou que, durante sua infância, presenciou situações em que a mãe dela foi espancada por ele.

A jovem contou que, certa vez, a mãe dela saiu com as amigas durante a noite. Isabela e o irmão ficaram com uma babá. A mãe deles não voltou antes de eles terem ido dormir, o que a deixou preocupada. No dia seguinte, contou que viu a mãe com hematomas e cortes de facão. "Ele descamou as costas dela", disse.

Vanessa Tibcherani Camargo, ex-mulher de Cupertino, disse que era constantemente agredida por ele. "Ele já quebrou minha costela sete vezes. E o nariz, quatro vezes",