"Não aguento mais": ex denunciou ameaças de 'serial killer' presa em SP

Vítima relatou medo, perseguição e crimes forjados por Ana Paula Fernandes; mulher é suspeita de matar quatro pessoas envenenadas

Beto Souza, da CNN Brasil, em São Paulo
Ana Paula Veloso Fernandes, presa por suspeita de envolvimento na morte de Neil Corrêa da Silva, ocorrida em abril deste ano em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense  • Reprodução
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O ex-companheiro de Ana Paula Veloso Fernandes, a mulher classificada como "serial killer" e acusada de quatro homicídios, denunciou uma série de ameaças, perseguição e falsa comunicação de crimes supostamente cometidos por ela.

Ele entrou com uma ação contra Ana Paula na Justiça do Rio de Janeiro em março de 2024. Em fevereiro deste ano a ação foi suspensa pois o caso já está sendo investigado em outro inquérito.

Na denúncia apresentada, o homem alegou viver sob intimidação e com seu direito de ir e vir tolhido. Em depoimentos à Justiça, ele acusou a ex de atitudes como automutilação, com o intuito de incriminá-lo, visando a posse de sua casa.

Conforme depoimento, ele acusa a ex-companheira, a irmã e o cunhado dela de roubarem a casa, além de terem incendiado o terreiro de sua família e quebrado imagens religiosas.

Em uma das mensagens a que a CNN teve acesso, a suspeita diz que o ex-companheiro tem dois dias para "retirar tudo do barracão", caso contrário "sairá (sic) 3 caixões" do local, fazendo alusão a vítima e seus familiares.

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Já não aguentamos mais. (...) Estou com medo, já fui ameaçado uma série de vezes, ela colocou fogo em nosso barracão, quebrou todas imagens religiosas. (...) Não tenho mais o direito de ir e vir, eu já não aguento mais, só quero ter paz e segurança pra mim e minha família, eu peço pelo amor de Deus.
Ex-companheiro de Ana Paula Veloso Fernandes à Justiça

Ele relata que Ana Paula é "envolvida com bandidos" e utiliza medidas protetivas para afastá-lo de sua própria residência e que a filha da investigada teria, supostamente, testemunhado a seu favor.

Alcunha de serial killer

Ana Paula foi classificada como uma "verdadeira serial killer" pela Justiça de São Paulo. Segundo a polícia, ela tentou ativamente enganar a polícia durante as investigações dos quatro homicídios por envenenamento a ela imputados, incluindo a morte de Neil Corrêa da Silva pela feijoada envenenada.

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A acusada chegou a simular ameaças contra si mesma, enviando mensagens, e imputou falsamente a prática de um dos homicídios a um antigo amante.

A Justiça destacou que Ana Paula manipulou dados e informações com o objetivo de se desvincular das mortes e atribuir a responsabilidade a terceiros. Ela também inventou ter recebido um bolo envenenado. Os crimes, ocorridos entre janeiro e maio de 2025, seguiram um modus operandi de envenenamento e motivo torpe.

As vítimas são Marcelo Hari Fonseca, Maria Aparecida Rodrigues, Hayder Mhazres e Neil Corrêa da Silva. Ana Paula demonstrou conhecimento técnico sobre o uso e dosagem do produto letal, e confessou à Polícia Civil ter matado dez cachorros para testar o efeito do veneno.

A Justiça decretou a prisão preventiva dela, que se encontra no sistema prisional.