PF e Interpol vão atuar para prender foragidos de operação contra o PCC

A Polícia Federal informou, nesta terça-feira (23), que vai atuar em conjunto com a Interpol para localizar e prender três foragidos da Operação Vila do Conde, deflagrada na manhã de hoje em cinco estados.

A ação, conduzida pela FICCO-SP (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado em São Paulo), mira uma organização criminosa ligada ao PCC especializada em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro.

Segundo o delegado Alexandre Custódio Neto, da PF, esses três foragidos já eram monitorados como estando fora do Brasil. “Já estamos trabalhando com a NCA, da Inglaterra, com o apoio da polícia da Alemanha também, na tentativa de localizar e realizar a prisão desses foragidos, que estão na difusão vermelha; tanto brasileiros quanto estrangeiros, que são compradores da cocaína”, afirmou.

Presidente de escola de samba preso

Um dos principais alvos da operação é Alexandre Constantino Furtado, presidente da escola de samba Império de Casa Verde e vice-presidente da Liga-SP, apontado como integrante do PCC. Ele foi preso em São Paulo.

Segundo as investigações, Alexandre usava a sede da escola de samba, na zona norte da capital, como espécie de escritório, onde recebia “clientes” e contatos ligados ao esquema. Embora tenha investido financeiramente na agremiação, não foi identificada nenhuma operação de lavagem de dinheiro envolvendo a instituição.

Quem é o presidente da Império de Casa Verde, preso em operação contra PCC

Outro nome de destaque é o de Fernando Cavalcanti Ribeiro, conhecido como “Chupeta”. Ele é associado ao PCC e dono de empresas em diferentes setores, como painéis de LED usados em jogos de futebol e no Carnaval de São Paulo, restaurantes e companhias de saneamento básico.

Em suas redes sociais, a Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo afirmou que já "tomou conhecimento das notícias veiculadas pela imprensa" sobre Alexandre, seu vice-presidente, e que em momento oportuno irá se pronunciar.

"A Liga-SP reafirma seu compromisso com a transparência, com a seriedade de sua atuação e com a integridade institucional de suas filiadas, valores dos quais não se afastará", concluiu em nota.

O esquema

A investigação teve início em 2021, após a apreensão de 458 kg de cocaína escondidos em uma carga de quartzo no Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), cujo destino seria Roterdã, na Holanda. A partir dali, a PF identificou toda a estrutura montada para enviar a droga à Europa.

Segundo a apuração, o grupo movimentou mais de R$ 290 milhões, usando doleiros e empresas de fachada para ocultar patrimônio e reinvestir os lucros em negócios formais.

A operação

Foram expedidos pela 4ª Vara Federal de Belém 22 mandados de prisão preventiva e 40 de busca e apreensão nos estados de São Paulo, Pará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Goiás. Parte das ordens foi cumprida ainda nesta terça-feira.

A Polícia Federal reforça que, além das prisões, a operação tem como objetivo central a descapitalização da organização criminosa, atingindo diretamente a base econômica do esquema.