Vídeo mostra influencer Buzeira com arma minutos antes de ser preso; veja

Ele foi preso na última semana em ação da PF contra um esquema lavagem de dinheiro; defesa alega que influencer "pensou que bandidos estavam invadindo sua residência"

Carolina Figueiredo, da CNN Brasil, Julia Farias, colaboração para a CNN Brasil, em São Paulo
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Um vídeo obtido pela CNN Brasil mostra o momento em que o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, mais conhecido como Buzeira, percebe a chegada da Polícia Federal na casa dele, minutos antes de ser preso.

A prisão ocorreu na última terça-feira (14), na mansão onde o influenciador vive em Igaratá (SP), em uma operação da PF contra um esquema de lavagem de dinheiro.

Na gravação, Buzeira aparece assustado ao perceber a movimentação pela janela da residência e avisa a esposa, que levanta da cama imediatamente. A mulher do influenciador — que está grávida —, aponta para um celular, quando ele pega o aparelho e vai para outro cômodo da casa.

Segundos depois, o influenciador volta para o quarto, pega uma espingarda no armário, carrega a arma de fogo e sai, enquanto a mulher dele observa, pela janela, a movimentação no lado externo da casa.

Em seguida, Buzeira volta novamente para o cômodo e guarda a arma de fogo. No mesmo momento, a filha do casal acorda e fica sentada na cama, dentro do quarto, presenciando toda a movimentação do influenciador e da esposa.

Veja o vídeo das câmeras de segurança:

Nas redes sociais, a defesa de Buzeira afirmou que, em um primeiro momento, Bruno pensou que bandidos estavam invadindo a residência e pediu para a esposa ligar para a polícia.

"Em seguida, pegou a arma registrada em seu nome para defender e proteger sua familia. Notando que se tratava da polícia, ele cooperou com os policiais e abriu as portas blindadas", afirmou o pronunciamento.

Ainda nas redes, o perfil de Buzeira relatou "abuso de autoridade" por parte dos agentes da PF e divulgou imagens em que policiais aparecem quebrando as câmeras de segurança da casa do influenciador. Durante a abordagem, um dos agentes também aparece na gravação empurrando Bruno. Veja:

A CNN Brasil tenta contato com a Polícia Federal e o espaço segue aberto para manifestações.

Transferência de prisão

O influenciador e o empresário Rodrigo Morgado, que também foi preso pela Polícia Federal durante a Operação Narco Bet, deixaram a Superintendência da PF e foram transferidos para centros de detenção estaduais de São Paulo.

De acordo com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), Buzeira agora está preso no Centro de Detenção Provisória IV de Pinheiros, localizado na zona Oeste da capital paulista.

Quem é Buzeira, influencer com 15 milhões de seguidores preso pela PF

Já Morgado, que se autointitula como contador, está detido no Centro de Detenção Provisória de São Vicente, no litoral de São Paulo. O empresário teve pedido de prisão domiciliar negado pela 5ª Vara Federal em Santos. A decisão ainda cabe recurso. 

Entenda a Operação Narco Bet

A Polícia Federal realizou na última semana uma operação contra um esquema de lavagem de dinheiro com o uso de bets vinculado ao tráfico internacional de drogas.

As investigações da polícia indicam que o grupo criminoso alvo da operação usava técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, com movimentações financeiras em criptomoedas e envio de capitais de um país para outro. As ações eram feitas para ocultação da origem ilícita dos valores e dissimulação patrimonial.

A corporação investiga ainda que parte dos valores movimentados teria sido direcionada para estruturas empresariais vinculadas ao setor de apostas eletrônicas, conhecidas como bets. 

Como resultado da operação, foram cumpridos 11 mandados de prisão:

  • Santa Catarina: Itajaí (1);
  • São Paulo: Mogi das Cruzes (4), Bertioga (2), São Paulo (3), Santos (3), Barueri (2), Birigui (1), Igaratá (1);
  • Rio de Janeiro: Rio de Janeiro (1);
  • Minas Gerais: Lagoa Santa (1).

Além dos mandados, também houve o bloqueio de bens e valores, que somam mais de R$ 630 milhões.

O que dizem as defesas de Buzeira e Morgado

As defesas do influenciador Buzeira e do empresário Rodrigo Morgado se manifestaram nas redes sociais por meio de nota.

Segundo o advogado Jonas Reis, responsável pela representação jurídica de Buzeira, a defesa ainda não teve acesso integral aos autos da Operação Narco Bet.  Além disso, disse que é prematuro qualquer julgamento ou ilação neste momento.

Bruno é trabalhador, possui residência fixa, fonte de renda lícita e atua há anos de forma pública e transparente nas redes sociais, sendo reconhecido nacionalmente por sua atividade profissional como criador de conteúdo digital.
Defesa de Bruno Alexssander Souza Silva, o influencer 'Buzeira'

Por fim, a defesa afirmou que confia no pleno esclarecimento dos fatos e na Justiça brasileira, e alegou que não há, até o presente momento, qualquer elemento concreto que comprove envolvimento do influenciador em atividades ilícitas.

Já os representantes de Rodrigo Morgado, disseram que o empresário "sempre atuou exclusivamente como contador, exercendo sua atividade profissional de forma técnica, ética, regular e dentro dos limites legais da profissão, prestando serviços contábeis a diversos clientes." Veja nota na íntegra:

"A defesa de Rodrigo Morgado vem a público declarar sua total inocência diante das acusações que lhe foram atribuídas no âmbito da Operação NarcoBet e NarcoVela, conduzidas pela Policia Federal.

Rodrigo sempre atuou exclusivamente como contador, exercendo sua atividade profissional de forma técnica, ética, regular e dentro dos limites legais da profissão, prestando serviços contábeis a diversos clientes.

Toda a documentação relativa à sua atuação empresarial está devidamente organizada e será apresentada ao Juizo no momento oportuno.

As movimentações financeiras relativas aos clientes, da mesma forma serão trazidas esclarecendo ao feito a licitude das transações.

O simples ato de converter criptomoedas em reais mediante pagamento de comissão não configura crime.

A atividade P2P, ainda que não submetida a regulação específica do Banco Central, não é ilícita, desde que comunicada à Receita Federal, o que, segundo os documentos fornecidos, foi feito regularmente pelas empresas dos seus clientes.

A defesa reitera que Rodrigo não participou de qualquer atividade ilicita e que sua conduta sempre foi pautada pelo respeito à lei.

Acreditamos firmemente que, com a apuração completa dos fatos, momento em que será garantida a mais ampla defesa pelo Juizo, sua inocência será reconhecida e a verdade prevalecerá.

A defesa seguirá lutando por sua liberdade e confia na Justiça para que essa situação seja esclarecida o mais breve possivel."