Vídeo mostra momento em que PM atinge jovem com ponta de fuzil em SP
Nova gravação da câmera corporal do PM levou a Justiça a entender que o tenente Gabriel Dantas agiu com intenção de matar o motociclista Matheus Simões; caso ocorreu em 2024 durante ação policial

O vídeo das câmeras corporais da Polícia Militar, obtido pela CNN, mostra o momento da abordagem que resultou na morte de Matheus de Menezes Simões, de 21 anos, no dia 25 de fevereiro de 2024, durante uma operação policial na Vila Penteado, zona norte de São Paulo.
As imagens fazem parte do Inquérito Policial Militar, instaurado para apurar as circunstâncias da morte, ocorrida após uma intervenção de agentes da Polícia Militar do Estado de São Paulo. (Veja o vídeo no final da matéria)
Na época, a SSP (Segundo a Secretaria da Segurança Pública) informou que o caso aconteceu depois que o jovem desobedeceu a uma ordem de parada durante uma operação de apreensão de veículos. Matheus pilotava uma motocicleta com outro homem na garupa, ambos sem capacete, e teria avançado em direção aos policiais.
Ainda de acordo com a corporação, o policial envolvido também ficou ferido no rosto durante a ação. Matheus conseguiu fugir do bloqueio, mas foi encontrado caído no chão momentos depois, com lesão grave no pescoço. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso foi inicialmente registrado como morte suspeita (morte acidental), desobediência, localização e apreensão de objeto, além de localização, apreensão e entrega de veículo, no 72º Distrito Policial. O 45º DP assumiu as investigações sobre as circunstâncias da morte, enquanto a Polícia Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar a conduta do agente envolvido.
Documentos anexados ao processo indicam que a vítima não foi morta por disparos de arma de fogo, mas sim por um golpe com a ponta do fuzil, desferido pelo 1º tenente Gabriel Montoro Dantas, que atingiu o pescoço do jovem. O impacto foi descrito como “tão letal quanto eventuais disparos”, conforme petição da defesa de Matheus.
Em 1º de outubro de 2025, a promotora Vanessa Sousa Damasceno, do Ministério Público de São Paulo, solicitou que o caso fosse remetido à Justiça Comum, por entender que o inquérito envolve crime doloso contra a vida praticado por policial militar contra um civil.
A juíza da 3ª Auditoria Militar Estadual, Fabrício Alonso Martinez Della Paschoa, atendeu ao pedido e determinou, em 2 de outubro de 2025, a remessa do processo ao Tribunal do Júri. Na decisão, o magistrado citou o entendimento do Supremo Tribunal Federal, segundo o qual crimes dolosos contra a vida de civis praticados por policiais militares devem ser julgados pela Justiça comum.
A Justiça também determinou que todas as mídias e provas, incluindo o vídeo das câmeras corporais e registros da operação, sejam encaminhadas integralmente ao Tribunal do Júri, responsável pela análise do caso.
Veja o vídeo
*Sob supervisão de AR


