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    Alguém que pratica assédio não vai ficar no governo, diz Lula sobre denúncias contra Silvio Almeida

    Presidente afirma que será garantido “direito de defesa e presunção de inocência”; decisão será tomada após conversar com ministros

    Gabriela BoechatEmilly Behnkeda CNNManoela Carluccicolaboração para a CNN

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (6) que alguém que “pratica assédio” não ficará em seu governo ao comentar as denúncias contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

    Denúncias contra o ministro na organização Me Too Brasil por supostos episódios de assédio sexual contra mulheres, inclusive contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, foram reveladas na quinta-feira (5). O ministro nega as acusações.

    “O que eu posso antecipar a vocês é que alguém que pratica assédio não vai ficar no governo. Eu preciso ter o bom senso aqui de que é preciso que a gente permita o direito à defesa. A presunção de inocência a quem tem direito a se defender”, disse Lula em entrevista à Difusora Goiânia.

    Lula afirmou que irá conversar com os ministros envolvidos nesta sexta-feira e tomará sua decisão. Na entrevista, ele se referiu ao caso como um “assunto delicado”.

    “Eu não posso permitir que tenha assédio. Temos que apurar corretamente, mas acho que não é possível a continuidade no governo”, declarou.

    Lula declarou que ao tomar conhecimento do caso, pediu ao ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, para iniciar as conversas sobre o caso.

    “É isso que vou decidir hoje a tarde, primeiro vou conversar com meus três ministros e mais duas mulheres que estão no governo, que são ministras, e depois vou conversar com o Silvio e com a Anielle e vou tomar a decisão. Porque o governo precisa de tranquilidade”, disse.

    O chefe do Executivo disse que não permitirá que um “erro pessoal de alguém” prejudique o governo. “Assédio não pode coexistir com a democracia, com o respeito aos direitos humanos e sobretudo com o respeito aos subordinados”, disse.

    Lula também falou sobre a foto publicada pela primeira-dama Janja Lula da Silva com Anielle Franco após a revelação do caso. “É uma demonstração inequívoca de que as mulheres estão com as mulheres. E é o normal. Não há uma mulher que fique favorável a alguém que seja denunciado de assédio”, disse.

    Entenda o caso

    A organização Me Too Brasil confirmou, na quinta-feira (5), que recebeu denúncias de assédio sexual contra Silvio Almeida.

    O caso foi publicado inicialmente pelo portal “Metrópoles”, que apontou a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, como uma das vítimas. A CNN apurou que ela relatou, para integrantes do governo, ter sido alvo de assédio.

    Conforme apuração da CNN, pelo menos quatro casos de assédio sexual foram levados ao Me Too. Também teriam sido feitas dez denúncias de assédio moral contra Silvio Almeida no Ministério de Direitos Humanos e Cidadania.

    Em nota, o ministro disse “repudiar com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra” ele. Alegou ainda que as denúncias não têm “materialidade” e são baseadas em “ilações” e que o objetivo das acusações são lhe “prejudicar” e “bloquear seu futuro”.

    A Polícia Federal (PF) vai investigar as denúncias de assédio com abertura de inquérito ainda nesta sexta-feira (6). Antes, a Comissão de Ética da Presidência da República já havia informado que abriu um procedimento para apurar os fatos.

    O Palácio do Planalto convocou Silvio Almeida para reunião nesta sexta. Ele já foi ouvido pelo ministro da Controladoria-Geral da União, Vinicius Carvalho, e pelo advogado-geral da União, Jorge Messias.

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