
Análise: Brasil não tem muito o que negociar com os EUA
Christopher Garman analisa dificuldades do governo brasileiro em reverter medidas punitivas dos EUA e aponta possíveis benefícios políticos para Lula
O Brasil enfrenta um impasse nas negociações com os Estados Unidos sobre as recentes medidas tarifárias impostas pelo governo americano. Christopher Garman, diretor-executivo da Eurasia Group, ofereceu uma análise detalhada da situação durante sua participação no programa WW da CNN Brasil.
Segundo Garman, há pouca probabilidade de uma desescalada no curto prazo, principalmente devido à falta de opções do governo brasileiro para atender às demandas dos EUA. "Não enxergo o que o governo brasileiro pode entregar para o governo Trump", afirmou o analista.
Queixas dos EUA e limitações brasileiras
As principais queixas apresentadas pelos Estados Unidos incluem críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e às medidas do Supremo Tribunal Federal na regulação das redes sociais. Garman explicou que o entorno de Donald Trump vê essas ações como um "regime de censura".
O governo do presidente Lula, segundo o especialista, não tem como reverter essas decisões, nem teria disposição ou capacidade para fazê-lo. Isso limita significativamente as opções de negociação do Brasil.
Potencial benefício político para Lula
Apesar das dificuldades, Garman apontou que o Palácio do Planalto pode enxergar uma oportunidade política neste embate. O analista sugere que Lula poderia se beneficiar eleitoralmente ao não se curvar às medidas punitivas contra a economia brasileira.
"É fazer argumento que a família Bolsonaro se aliou a um governo que está prejudicando empregos no Brasil", explicou Garman, comparando a situação com casos em outros países onde líderes políticos viram sua aprovação popular subir após confrontos com Trump.
A resolução do impasse, segundo Garman, dependeria de uma decisão unilateral do governo Trump para reduzir as tarifas, possivelmente por pressão de setores empresariais americanos ou até mesmo por um pedido do próprio Bolsonaro e seu filho. No entanto, o governo Lula não parece disposto a buscar uma acomodação, preferindo manter sua postura atual frente às medidas americanas.


