Bancada do PSOL pede suspensão de decreto que congela R$ 15 bilhões do Orçamento

Deputados também querem revisão do arcabouço fiscal; pedidos constam em projeto protocolado na quinta-feira (1º)

Rebeca Borges, da CNN, Brasília
Plenário da Câmara dos Deputados durante sessão conjunta do Congresso Nacional destinada à deliberação dos vetos de nºs 46 de 2021; 30 e 65 de 2022; 9, 14 (dispositivos 1 a 3, 5 a 53, 55 a 58, 61 a 64, 66, 67, 109 a 114, 116, 119 a 315, 317, 319 a 390 e 393 a 397), 18, 26 (dispositivos 3 e 5 a 10), 36 (dispositivo 3), 39, 41, 45 (dispositivo 10), 46 (dispositivos 1 a 3, 6, 8 a 12 e 14), 47 (dispositivos 9 a 17) e 48 de 2023; e 1, 4 (dispositivo 64) e 8 de 2024; PLNs nos. 1, 2 e 5 a 11 de 2024; e eleição complementar do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional. À tribuna, em discurso, deputado Eli Borges (PL-TO). Mesa: deputado Cláudio Cajado (PP-BA).; presidente do Senado Federal, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); secretário-geral da Mesa do Senado Federal, Gustavo A. Sabóia Vieira. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Para que o texto do PSOL seja analisado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), precisará despachá-lo para análise de comissões  • Jefferson Rudy/Agência Senado
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A bancada do PSOL na Câmara protocolou, na quinta-feira (1º), um projeto de decreto legislativo para suspender o congelamento de R$ 15 bilhões do Orçamento deste ano.

Um decreto publicado pelo governo nesta semana determina bloqueio de R$ 11,2 bilhões e contingenciamento de R$ 3,8 bilhões.

Segundo o Ministério da Fazenda, o objetivo é cumprir a meta fiscal deste ano.

No projeto protocolado, a bancada do PSOL afirma que o regime fiscal vigente -- aprovado pelo Congresso no ano passado após mobilização do governo -- resulta em “cortes de gastos sociais e contenção do investimento público no curto prazo”.

“Essas medidas atacam os direitos sociais estabelecidos na Constituição Federal de 1988 e programas como a política de valorização real do salário mínimo, o piso mínimo de remuneração da Previdência Social e os pisos constitucionais da saúde e da educação”, diz o texto, assinado pelos deputados Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Glauber Braga (PSOL-RJ).

O projeto também sugere que o governo federal revise a meta de déficit zero do marco fiscal para este ano, e renegocie as metas de superávit primário até 2027. “A mudança nas metas fiscais não eliminará, apenas atenuará as contradições entre os baixos limites para o crescimento do gasto público e as necessidades sociais”.

Para que o texto do PSOL seja analisado, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), precisará despachá-lo para análise de comissões.

O texto ainda pode ser analisado diretamente pelo plenário caso um requerimento de urgência seja aprovado.

A CNN procurou o governo a respeito do projeto do PSOL, mas não teve retorno até o momento.

Bloqueio afetará Esplanada

O congelamento vai impactar em diversos ministérios, mas os mais afetados serão os da Saúde (R$ 4,4 bilhões), Cidades (R$ 2,1 bilhões), Transportes (R$ 1,5 bilhão) e Educação (R$ 1,2 bilhão).

Confira os demais valores de contenção correspondentes aos ministérios:

  • Ministério da Agricultura e Pecuária: R$ 453.323.480;
  • Ministério da Fazenda: R$ 443.715.223;
  • Ministério da Justiça e Segurança Pública: R$ 278.992.466;
  • Ministério da Previdência Social: R$ 305.951.125;
  • Ministério das Relações Exteriores: R$ 177.717.507;
  • Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar: R$ 216.565.224;
  • Ministério do Esporte: R$ 135.283.672;
  • Ministério da Defesa: R$ 675.677.698;
  • Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional: R$ 719.304.287;
  • Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome: R$ 924.093.045;
  • Ministério de Portos e Aeroportos: R$ 168.060.388.

O bloqueio de despesas discricionárias ocorre quando as despesas obrigatórias ultrapassam o teto previsto pelo arcabouço fiscal, que é de 70% do crescimento da receita acima da inflação.

Já o contingenciamento ocorre quando existe descasamento entre as receitas e as despesas previstas para o ano e o débito ultrapassa as receitas, comprometendo a meta fiscal do governo.