Bolsonaro instigou milhões contra o Judiciário em 7/9 de 2021, diz Moraes
Na Avenida Paulista naquele ano, Bolsonaro afirmou que não cumpriria mais decisões do STF
O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou nesta terça-feira (9), que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) instigou milhões contra o Judiciário durante manifestação de 7 de setembro de 2021, em São Paulo.
Em discurso na Avenida Paulista na ocasião, Bolsonaro afirmou que não iria mais cumprir decisões de Moraes e disse que "ou esse ministro se enquadra, ou pede para sair".
"Na sequência de atos executórios, com graves ameaças ao poder Judiciário, a tentativa, uma forte tentativa com emprego de grave ameaça de restringir o exercício do poder Judiciário em 7 de setembro de 2021", disse Moraes.
"Aqui todos se recordam, em uma grande crise institucional em relação, inclusive ao Poder Legislativo foi criada quando o então presidente e hoje réu Jair Bolsonaro, em seus discursos, tanto o discurso aqui em Brasília, quanto na Paulista em São Paulo, passou a fazer uma série de ameaças e afirmou categoricamente que a partir daquele momento descumpriria ordens judiciais e mais: instigou milhares de pessoas presentes e milhões de pessoas nas redes sociais contra o poder judiciário, contra o STF, contra os seus ministros, instigou ameaçando gravemente todos esses integrantes", acrescentou.
Moraes apontou o ex-presidente como o líder de um suposto grupo — composto pelos oito réus julgados neste processo penal —, responsável por arquitetar uma possível trama golpista para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2023. Em uma sequência de slides, ele ainda apontou 13 atos que mostrariam atuação de "organização criminosa".
O STF dá continuidade nesta terça ao julgamento que pode condenar Bolsonaro e os outros sete réus do chamado "núcleo 1" de uma suposta trama golpista, denunciada pela PGR (Procuradoria-Geral da República).
Quem são os réus do núcleo 1?
Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe:
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
- Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
- Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.
Por quais crimes os réus estão sendo acusados?
Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
- Deterioração de patrimônio tombado.
A exceção fica por conta de Ramagem. No início de maio, a Câmara dos Deputados aprovou um pedido de suspensão da ação penal contra o parlamentar. Com isso, ele responde somente aos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

