Boris Casoy: Candidatos da terceira via precisam de potencial de votos
No quadro Liberdade de Opinião desta terça-feira (22), o jornalista Boris Casoy comentou as expectativas envolvendo a formação de federação partidária entre Cidadania e PSDB
No quadro Liberdade de Opinião desta terça-feira (22), o jornalista Boris Casoy comentou a fala do senador Alessandro Vieira, do Cidadania, cujo partido aprovou a formação de uma federação partidária com o PSDB no último sábado.
Em entrevista à CNN, Vieira, que, assim como João Doria, também é pré-candidato à Presidência, defendeu que a chamada terceira via rompa com a bolha de polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente, Jair Bolsonaro (PL). “Toda candidatura que polariza, que gera rejeição imediata, tem baixas chances de sucesso. Isso acontece com João Doria, acontece com Sergio Moro, por motivos diferentes acontece com Ciro [Gomes]”, disse.
Para Boris Casoy, além da baixa rejeição, um eventual candidato à Presidência precisa de um bom potencial de votos. “Se ele for um santo, não tiver rejeição nenhuma e também não tiver voto, não tem serventia nenhuma para formar terceira via. Não é fácil. Não é assim”, disse.
O comentarista recordou, porém, que o ex-presidente Fernando Collor de Mello [1990-1992] e o presidente Jair Bolsonaro não possuíam grande projeção nacional e fugiram à regra – devido a “circunstâncias eleitorais específicas”, canalizando uma grande porcentagem dos votos.
“Potencialmente, hoje, nenhuma das pessoas citadas [por Vieira] têm possibilidades eleitorais. É muito difícil que, em pouco tempo, sem que as circunstâncias auxiliem, essas pessoas consigam se viabilizar como candidatos com possível chance de vitória”, ressaltou.
Casoy também acredita que, eventualmente, Cidadania e PSDB irão se acertar quanto às diferenças para as eleições de outubro – muito mais pela necessidade do Cidadania em sobreviver à cláusula de barreira, mecanismo que afasta partidos de benefícios como fundo eleitoral e tempo de propaganda caso não obtenham certa porcentagem de votos.
“Se formar uma federação com o PSDB, com quem tem algumas identificações, mas não muitas, o Cidadania poderá sobreviver. Essa federação é a única que vejo até agora com promessa de se realizar”, finalizou.
Federação entre PSB e PT
O Partido Socialista Brasileiro (PSB) vê cada vez mais difícil a possibilidade para um acordo de federação com o Partido dos Trabalhadores (PT). A legenda, porém, ainda defende a importância de uma aliança como uma coligação para apoiar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, segundo informações da analista de política da CNN Renata Agostini.
No Espírito Santo, o PT decidiu lançar a pré-candidatura do senador Fabiano Contarato ao governo do estado para pressionar o PSB, após o atual governador, Renato Casagrande, fazer críticas ao partido e não querer o apoio de Lula.
Casagrande também se encontrou com o ex-ministro da Justiça e pré-candidato à Presidência, Sergio Moro, um dos principais algozes de Lula.
Itamaraty faz consultas sobre Rússia
O Itamaraty consultou os diplomatas em Washington, Moscou, Kiev e Nova York – a sede das Nações Unidas – para coletar informações sobre a tensão na Ucrânia após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconhecer a independência de territórios separatistas na Ucrânia.
Segundo fontes da diplomacia brasileira que falaram ao analista da CNN Caio Junqueira, o tom, por enquanto, ainda é de cautela. A avaliação, porém, é a de que todos os holofotes estarão no conselho de segurança da ONU, onde o Brasil assumiu há pouco tempo uma das vagas rotativas.
Barroso deixa o TSE
O mandato do ministro Luís Roberto Barroso como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) termina nesta terça-feira (22). Ele será substituído por Edson Fachin e Alexandre de Moraes assumirá o cargo de vice.
Em entrevista ao âncora da CNN William Waack, Barroso comentou os limites da liberdade de expressão, um dos principais desafios para o tribunal nas eleições de 2022.
“Todos concordamos que defender nazismo, supremacia racial, venda de armas, ataques, isso não é caracterizado como liberdade de expressão. Onde traçar a linha? Nos extremos é fácil. Há um espaço em que, na dúvida, talvez se deva deixar circular a informação”, afirmou. “Mas onde existam campanhas orquestradas… porque o pior não é uma declaração falsa. O problema nas mídias sociais são os comportamentos coordenados inautênticos em que você amplifica aquela mentira com robôs, com mercenários, com pessoas que monetizam mentira, com perfis falsos. Portanto, o grande enfrentamento às notícias fraudulentas deve se dar mais pelo controle de comportamentos inautênticos do que pelo controle de conteúdo.”
O Liberdade de Opinião teve a participação de Fernando Molica e Boris Casoy. O quadro vai ao ar diariamente na CNN.
As opiniões expressas nesta publicação não refletem, necessariamente, o posicionamento da CNN ou seus funcionários.