Boulos critica operação no Rio e diz que ação policial foi "desastrosa"

Em entrevista à Itatiaia, ministro da Secretaria-Geral afirmou que iniciativa do governo fluminense que resultou na morte de mais de 120 pessoas "não pode ser considerada um sucesso"

Lucas Schroeder, da CNN Brasil, São Paulo
Guilherme Boulos (PSOL), ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República e deputado federal licenciado  • Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados
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O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Guilherme Boulos, criticou nesta quarta-feira (5) a megaoperação contra o crime organizado conduzida pelas forças de segurança do Rio de Janeiro, na semana passada. Em entrevista à Itatiaia, Boulos disse que a ação policial foi "desastrosa".

"Uma operação que mata 120 pessoas ou mais não pode ser considerada um sucesso. É desastrosa. [...] Operação para combater o crime organizado de verdade não é com pirotecnia, à base de sangue das pessoas. É asfixiando o esquema, mexendo no bolso deles, mexendo onde chega o tráfico de drogas, onde chega o tráfico de armas, a maneira como eles lavam dinheiro, como se infiltram no Estado e no poder econômico", afirmou o ministro.

Em seguida, Boulos defendeu a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Segurança e repreendeu os governadores do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, segundo o ministro, se posicionaram contra a emenda constitucional.

"Eu acho que eles estão muito mais preocupados em fazer politicagem usando a insegurança das pessoas e o temor natural contra o crime organizado do que efetivamente combatê-lo. O compromisso do presidente Lula é fazer esse enfrentamento", ressaltou Boulos.

Lula diz ter havido "matança" em megaoperação

Em entrevista a jornalistas estrangeiros na terça-feira (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que a ação no Rio foi uma "matança".

De acordo com o chefe do Planalto, "a ordem do juiz era para que fossem cumpridos mandados de prisão, não para uma matança — e, no entanto, houve uma matança. Acho importante verificar as circunstâncias em que ocorreu".

Assim como Boulos, Lula também classificou a operação como "desastrosa".

"A dura realidade é que, em termos de número de mortos, alguns podem considerar a operação um sucesso. Mas, do ponto de vista da ação estatal, acredito que foi desastrosa", apontou o presidente na ocasião.