Conversas por chamada de voz de Wassef com Bolsonaro dificultam análise da PF
Mesmo "sem registros" do que falavam, aliados estão preocupados com mensagens que o advogado pode ter enviado para outras pessoas sobre o ex-presidente
O advogado Frederick Wassef costumava conversar por chamada de voz com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ou seja, sem deixar registros do que falavam e dificultando a perícia dos celulares apreendidos pela Polícia Federal (PF), conforme informaram Pedro Teixeira, repórter da CNN, e Gustavo Uribe, âncora da CNN.
Quatro aparelhos foram recolhidos em 16 de agosto, na operação que apura irregularidades na venda das joias recebidas por Bolsonaro, como presentes durante viagens oficiais.
Segundo fontes ouvidas pela CNN, apenas um deles era utilizado para as chamadas entre Wassef e o ex-chefe de Estado.
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Assim, o entorno do ex-presidente está mais preocupado com o que o advogado pode ter citado sobre Bolsonaro e familiares em troca de mensagens com outras pessoas.
Sem senhas
Dez agentes estão envolvidos na análise do material, que acumula um terabyte de dados, conforme destacou Gustavo Uribe.
Segundo fontes da PF ouvidas por Pedro Teixeira, o processo de análise ainda não foi concluído e ainda deve levar um tempo, já que Wassef não passou aos investigadores as senhas dos aparelhos.
Ainda assim, as informações devem ser utilizada nos próximos depoimentos de Bolsonaro e aliados, marcados para esta quinta-feira (31).
Frederick Wassef representa a família Bolsonaro desde 2014, presente em grande parte dos casos que envolvem seus integrantes.
Novos depoimentos
Na próxima quinta-feira (31), Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro serão ouvidos por policiais federais sobre o caso das joias.
Também foram intimados:
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- o pai dele, general Mauro Lourena Cid;
- Frederick Wasseff e Fábio Wajngarten, advogados da família Bolsonaro;
- e os assessores do ex-presidente Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti.
As informações obtidas nos celulares apreendidos devem ser utilizadas para formular os questionamentos feitos pelos agentes da PF durante as oitivas.
O ex-presidente e a ex-primeira-dama indicaram que vão comparecer ao depoimento, mas a defesa do casal ainda avalia qual estratégia será adotada durante a fala, conforme apurou a CNN.
*publicado por Tiago Tortella, da CNN