CPI da Pandemia recebe Marconny Faria, suposto lobista da Precisa Medicamentos
Justiça Federal em Brasília autorizou a condução coercitiva de Marconny caso ele não compareça ao Senado Federal para prestar depoimento
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia deve ouvir, nesta quarta-feira (15), o advogado Marconny Faria, apontado como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que desempenhou o papel de intermediária no processo de compra da vacina indiana Covaxin com o Ministério da Saúde em um contrato superior a R$ 1 bilhão.
Marconny havia sido convocado a depor à CPI no dia 2 de setembro. O advogado, porém, deu entrada no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, com “dor pélvica” e conseguiu um atestado médico que o permitiu não comparecer à oitiva.
O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), ligou para o diretor-clínico do hospital para solicitar uma apuração e disse que o hospital não poderia “acobertar criminosos e emitir atestados falsos”.
Após o contato de Aziz, o atestado de Marconny foi anulado pelo próprio médico que o concedeu. À CNN, o presidente da CPI disse que os advogados de Marconny entraram em contato pedindo para ele depor no dia 15 de setembro.
A Justiça Federal em Brasília autorizou na segunda-feira (13) a condução coercitiva de Marconny, caso seja necessário, para que ele vá ao depoimento no Senado Federal.
No dia 2 de setembro, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu habeas corpus ao advogado e garantiu-lhe o direito ao silêncio em questionamentos que gerem provas contra ele.
Suspeitas
O depoimento foi marcado após pedido apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI.
Marconny Faria teria agido como lobista da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou o contrato com o Ministério da Saúde para a compra de 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, suspenso após denúncias de irregularidades trazidas pela CPI.
Documentos enviados pelo Ministério das Relações Exteriores à CPI revelaram que o valor negociado — de US$ 15 por dose pela Precisa para a compra da Covaxin — era 1.000% superior ao estimado pela farmacêutica em agosto de 2020. O contrato foi rescindido pelo Ministério da Saúde no dia 27 do mesmo mês.
A CPI também obteve mensagens trocadas entre Marconny e o ex-secretário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) José Ricardo Santana. Na conversa, Santana menciona que conheceu o suposto lobista da Precisa na casa de Karina Kufa, advogada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Senadores apontaram que Santana e Marconny teriam conversado sobre o processo de contratação de 12 milhões de testes de Covid-19 entre o Ministério da Saúde e a Precisa. Uma das mensagens trocadas aponta que “um senador” poderia ajudar a “desatar o nó” do processo.
(*Com informações da Agência Senado)