Defesa diz que PF criou narrativa "a dedo" para incriminar general Heleno

Advogado refutou participação do militar na suposta trama golpista que teria se desenrolado após as eleições de 2022

Gabriela Boechat, Davi Vittorazzi, Lucas Schroeder e Gabriela Piva, da CNN, Brasília e São Paulo
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Em sua sustentação oral no julgamento da trama golpista nesta quarta-feira (3), o advogado Matheus Milanez, que representa o general Augusto Heleno, afirmou que a PF (Polícia Federal) selecionou provas "a dedo" para incriminar seu cliente.

"O Ministério Público traz uma mensagem de texto encaminhada ao general Heleno, e um documento no qual ele seria o chefe desse imaginário gabinete de crise. E aqui é interessante. O general Mario Fernandes enviou ao general Heleno uma mensagem pedindo que fizesse um vídeo de apoio às pessoas que estavam nos quartéis. O general respondeu? Esse vídeo existiu? Esse vídeo foi vinculado? O general Heleno conversa com o general Mario Fernandes?", indagou Milanez.

"Porque nós sabemos que a Polícia Federal sabe exatamente o que tem naquelas provas e se selecionou a dedo para criar narrativa que coloca Heleno na trama golpista", completou.

Milanez ainda mencionou um suposto afastamento entre Heleno e Jair Bolsonaro (PL), a partir da metade final do mandato do ex-presidente, além de negar o uso irregular da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) pelo réu.

Heleno serviu como ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República) ao longo de todo o governo Bolsonaro (2019-2022).

Quem são os réus do núcleo 1?

Além do ex-presidente Jair Bolsonaro, o núcleo crucial do plano de golpe conta com outros sete réus:

  • Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-presidente da Abin (Agência Brasileira de Inteligência);
  • Almir Garnier, almirante de esquadra que comandou a Marinha no governo de Bolsonaro;
  • Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro;
  • Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro;
  • Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • Paulo Sérgio Nogueira, general e ex-ministro da Defesa de Bolsonaro; e
  • Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo de Bolsonaro, candidato a vice-presidente em 2022.

Por quais crimes os réus estão sendo acusados?

Bolsonaro e outros réus respondem na Suprema Corte a cinco crimes. São eles:

  • Organização criminosa armada;
  • Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Dano qualificado pela violência e ameaça grave;
  • Deterioração de patrimônio tombado.