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    Diferente de 1º mandato, Lula não aguenta a pressão e demite ministro no 4º mês de governo

    Ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Gonçalves Dias, saiu do cargo após imagens reveladas com exclusividade pela CNN o mostrarem no Palácio do Planalto nos ataques de 8 de janeiro

    Gabriel Hirabahasida CNN , em Brasília

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não conseguiu segurar a pressão contra o general Gonçalves Dias e teve a primeira baixa em sua equipe ministerial no quarto mês de governo. Foram 109 dias de administração até o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) entregar o cargo ao presidente.

    A medida aconteceu após imagens reveladas com exclusividade pela CNN que mostram Dias no Palácio do Planalto durante os ataques criminosos contra os Três Poderes em 8 de janeiro.

    Quando assumiu o Palácio do Planalto pela primeira vez, em 2003, Lula demorou um ano inteiro para promover a primeira mudança em sua equipe. À época, o petista demitiu Miro Teixeira (então no PDT) do Ministério das Comunicações para promover uma reforma ministerial e atender a demandas de outros partidos.

    Desta vez, Lula tentou evitar demissões “relâmpago” de seus ministros. Antes de Gonçalves Dias, também foram alvo de intensa pressão pública os ministros Juscelino Filho (Comunicações) e Daniela Carneiro (Turismo). Os dois, porém, conseguiram se manter no cargo.

    Aliados do presidente dizem ser do perfil de Lula evitar “queimar” seus ministros e demiti-los diante de pressões públicas que eles eventualmente venham a sofrer.

    Em 2005, por exemplo, o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, homem forte do primeiro governo Lula, pediu demissão ao presidente após dias de desgaste em meio ao escândalo do mensalão.

    Dirceu foi substituído por Dilma Rousseff (PT), que, quando assumiu a Presidência da República, adotou uma posição diferente de Lula e não exitou em mandar embora ministros se houvesse indícios de algum ilícito.

    A própria Dilma, porém, demitiu o primeiro ministro depois de mais de 150 dias. Antonio Palocci, então ministro da Casa Civil, saiu do governo após reportagens demonstrarem um aumento incompatível de seu patrimônio ao longo dos anos.

    Em comparação com os últimos dois presidentes, o governo Lula teve a primeira demissão com mais tempo no Palácio do Planalto. Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB) sofreram com baixas em suas equipes com 49 e 12 dias, respectivamente.

    No caso de Temer, a primeira demissão foi do ex-senador Romero Jucá, que, à época, ocupava o Ministério do Planejamento. A exoneração foi causada pela divulgação de um áudio em que Jucá conversava com o também ex-senador Sérgio Machado sobre um “pacto” para barrar a Lava Jato.

    No caso de Bolsonaro, a demissão foi de Gustavo Bebianno, morto em 2020. Um dos principais nomes na campanha que levou o então deputado federal do baixo clero à Presidência da República, Bebianno foi demitido por causa da revelação de um esquema de candidaturas laranja no PSL (partido ao qual o presidente era filiado na época) e de desgastes com a família Bolsonaro.

    A seguir, levantamento da CNN com as primeiras demissões nas equipes ministeriais dos presidentes da República desde a redemocratização:

    • Luiz Inácio Lula da Silva (2023) – Gonçalves Dias – 19 de abril de 2023 (109 dias)
    • Jair Bolsonaro (2019) – Gustavo Bebianno – 18 de fevereiro de 2019 (49 dias)
    • Michel Temer (2016) – assumiu em 12 de maio – Romero Jucá – 23 de maio de 2016 (12 dias)
    • Dilma Rousseff (2011) – Antonio Palocci – 7 de junho de 2011 (158 dias)
    • Lula (2003) – Miro Teixeira – 1º de janeiro de 2004 (366 dias)
    • Fernando Henrique Cardoso (1995) – Roberto Muylaert – 2 de abril de 1995 (92 dias)
    • Itamar Franco (1992) – Gustavo Krause – 16 de dezembro de 1992 (76 dias)
    • Fernando Collor (1990)* – Bernardo Cabral – 13 de outubro de 1990 (212 dias)

    *No governo Collor, a primeira demissão foi de Joaquim Roriz, que pediu demissão do Ministério da Agricultura e Reforma Agrária com 15 dias no cargo para disputar o governo do Distrito Federal

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