Dosimetria seria solução se reduzir penas em 99%, diz Zema sobre anistia

Pré-candidato a presidente, governador de Minas diz que penas são "totalmente incondizentes" com atos do 8 de Janeiro

Gabriela Milanezi e Henrique Sales Barros, da CNN, em São Paulo
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo)  • Gil Leonardi/Imprensa MG
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Pré-candidato à Presidência em 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), avaliou, à CNN, que transformar o PL da Anistia em "PL da Dosimetria" só seria uma "solução" se praticamente zerar as penas pelo 8 de Janeiro.

"Se essa dosimetria for para reduzir as penas em 99%, aí eu até concordo que seria uma boa solução", declarou Zema, nesta segunda-feira (22).

A declaração de Zema ocorreu após participar de jantar promovido pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em São Paulo. No evento, também esteve presente o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que se dedicou nas últimas semanas a articular pelo avanço do projeto de lei da anistia.

Ainda assim, o governador mineiro ponderou que é "totalmente favorável" à anistia aos condenados pelos ataques contra as sedes dos Três Poderes e casos correlatos - o que, no limite, poderia beneficiar também o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), recentemente condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

"Estamos querendo aplicar uma pena que é totalmente incondizente com o ato (do 8 de Janeiro)", acrescentou.

A transformação da anistia em uma ferramenta para apenas reduzir penas de condenados tem sido defendida pelo relator do PL da Anistia na Câmara, deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP).

A primeira sinalização sobre a transformação do projeto se deu após jantar entre Paulinho, o ex-presidente da República Michel Temer (MDB) e o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).

À CNN, o relator já disse que Bolsonaro deve ser "beneficiado em alguns crimes que foram imputados a ele"; no STF, o ex-presidente recebeu uma pena de 27 anos e três meses de prisão, devido a cinco crimes relacionados ao que seria um plano de golpe contra o resultado da eleição de 2022.

A guinada no projeto é, porém, criticada pela oposição, que defende uma anistia "ampla, geral e irrestrita". "Acordo indecoroso e infame", resumiu o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).