Em acareação, Cid deve confirmar versão de Câmara sobre monitoramento

Interlocutores do ex-assessor de Bolsonaro afirmam que o ex-ajudante de ordens reforçará que não afirmou que o coronel fez monitoramento contínuo do ministro Moraes

Elijonas Maia, da CNN, Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid  • Antônio Cruz/Agência Brasil
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O tenente-coronel Mauro Cid e o coronel Marcelo Câmara, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), participarão nesta quarta-feira (13) de uma acareação no STF (Supremo Tribunal Federal) para esclarecer supostas contradições em seus depoimentos.

Segundo apuração da CNN, Cid deve afirmar que não soube, nem declarou, que o coronel tenha monitorado autoridades.

As investigações da PF (Polícia Federal) e da PGR (Procuradoria-Geral da República) indicam que Câmara teria monitorado autoridades, entre elas o ministro do STF, Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB).

Interlocutores de Cid, no entanto, afirmam que ele deve esclarecer ter recebido apenas de forma pontual, em dois dias distintos, informações sobre a localização e a agenda de Moraes. Ele também negará ter conhecimento ou ter afirmado que Câmara monitorou essas autoridades de forma contínua.

A acareação, autorizada por Moraes, integra a fase de diligências complementares do núcleo 2 da suposta trama golpista, processo que tramita no STF.

O encontro presencial entre os militares foi solicitado pela defesa de Marcelo Câmara, após Moraes estabelecer um prazo de cinco dias para a apresentação de pedidos referentes às últimas diligências complementares no caso.

O advogado de Câmara afirmou que a acareação tem como objetivo esclarecer contradições relacionadas ao monitoramento de autoridades, que, segundo ele, não foi realizado por Câmara.

“É importante que ele possa explicar, porque a palavra dele [é] mal interpretada e eu tenho a esperança de que ele possa esclarecer a verdade, daí a importância dessa acareação. Não é que ele é mentiroso, é que as palavras dele foram mal interpretadas”, afirmou Eduardo Kuntz ao pedir a acareação.

A participação de Câmara nesse monitoramento teria sido mencionada por Mauro Cid em depoimento, segundo a Polícia Federal.

Segundo Cid, em um episódio ele próprio pediu a Câmara que confirmasse uma informação. No entanto, afirmou não saber como o coronel teve acesso a dados restritos sobre a localização de Moraes, apenas que Câmara obteve essas informações e as repassou ao grupo.

Em interrogatório, Câmara negou qualquer monitoramento e afirmou ter utilizado apenas dados públicos, como a agenda oficial, com o objetivo de aproximar Bolsonaro do ministro.

Câmara está preso preventivamente e participará presencialmente da acareação usando tornozeleira eletrônica. Ele também é investigado por obstrução de Justiça, acusado de tentar contato com Cid.