Empresário acusado de agredir Moraes usou Lula em campanha em 2004
Um dos santinhos diz "Com Mantovani, o presidente Lula apoia Santa Bárbara"
O empresário Roberto Mantovani, um dos acusados de agredir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, distribuiu santinhos de sua campanha a prefeito de Santa Bárbara D'oeste em 2004 tendo como um dos principais argumentos a aliança com o governo Lula.
Um dos santinhos diz "Com Mantovani, o presidente Lula apoia Santa Bárbara" e tem o empresário ao lado do petista e um longo texto enaltecendo a parceria.
"Dia 3 de outubro teremos a oportunidade de eleger um prefeito cuja coligação está em perfeita sintonia com o governo federal (PT/PL em Brasília e PL/PT em Santa Bárbara). Isso quer dizer que esta afinidade vai alavancar em muito, mas em muito mesmo, o desenvolvimento da nossa cidade. Com Mantovani prefeito nossas reivindicações serão ouvidas em Brasília e os investimentos federais nas mais diversas áreas, principalmente a social, serão priorizadas em nossa cidade além da implementação dos programas federais de criação de empregos", diz o santinho.

O papel menciona ainda o apoio ao empresário de outras lideranças petistas e do governo Lula.
"Este compromisso já ficou claro com a vinda de ministros de estados a Santa Bárbara, fato que não acontecia há mais de vinte anos. Estiveram aqui os ministros Aldo Rebelo, Berzoini e Zé Dirceu e os senadores Mercadante e Suplicy e o presidente do PT, José Genoino, para demonstrar e ratificar o apoio federal a candidatura de Roberto Mantovani", diz o texto.
Em outro santinho, há um desenho do empresário com Lula.
Um terceiro santinho afirma que "Com Mantovani, o presidente Lula apóia Santa Bárbara".

Mantovani acabou perdendo a eleição de 2004.
Hoje ele é filiado ao PSD, que estuda expulsá-lo se se confirmarem as acusações.
A irmã do empresário, Maria Alice Mantovani, foi candidata no mesmo ano pelo PT.

Acesso aos autos
Nesta segunda-feira, a defesa do empresário obteve acesso aos autos da investigação.
“Nos tivemos acesso a toda investigação e em especial a representação do ministro”, disse à CNN o advogado Ralph Tórtima.
Ele destacou que a partir de uma primeira análise no material foi possível verificar que há um equívoco na acusação feita a seus clientes.
“O que nos chama a atenção, fica muito claro que está havendo muito provavelmente um equívoco”, afirmou.
Segundo ele, seus clientes não foram vistos pelo ministro no local apontado como onde ocorreu a origem do entrevero.
“Eles não tiveram a visualização do ministro neste local”, declarou.
Ele disse ainda à CNN que nesta terça-feira, às 9h, três dos seus clientes supostamente envolvidos no episódio prestarão depoimento à PF em Piracicaba.
Entenda o caso
Alexandre de Moraes foi alvo de xingamentos na sexta-feira (14) no aeroporto internacional de Roma.
O magistrado estava acompanhado da família. Um dos envolvidos teria agredido fisicamente o filho do ministro.
Os insultos começaram quando o magistrado teria sido confrontado por um grupo de brasileiros por volta das 18h45 no horário local, segundo fontes da PF.
Uma mulher teria hostilizado Moraes, chamando-o de “bandido, comunista e comprado”.
Outro deu coro aos insultos e, logo depois, chegou a agredir fisicamente o filho do ministro.
O terceiro homem juntou-se aos dois agressores, proferindo palavras ofensivas.

Moraes retornava da Universidade de Siena, onde havia ministrado uma palestra no Fórum Internacional de Direito. Os três envolvidos serão investigados em inquérito por crimes contra honra e ameaça.
Segundo Ralph Tórtima, eles voltavam de uma viagem familiar e estavam no aeroporto de Roma procurando uma sala VIP no local.
Neste momento, Roberto teria avistado Moraes entrando nessa sala. De acordo com o advogado, a partir de relatos prestados pelos suspeitos, o magistrado era seguido por pessoas que o hostilizavam.
Andreia teria então se envolvido em uma discussão com o grupo que acompanhava o ministro. O bate-boca teria se intensificado a partir da participação de outras pessoas que passaram a defender Moraes.
“Eles negam qualquer ofensa direcionada a Alexandre de Moraes”, declarou o advogado.
Em depoimento à Polícia Federal no domingo (16), Alex Zanatta Bignotto negou ter hostilizado Moraes ou agredido fisicamente o filho do magistrado.