Enviado do governo brasileiro, Celso Amorim tem reunião com Nicolás Maduro, na Venezuela
Governo de Luiz Inácio Lula da Silva quer normalizar relações com o país vizinho, rompidas durante mandato de Jair Bolsonaro
O enviado do Brasil à Venezuela, Celso Amorim, e uma delegação brasileira visitaram o presidente Nicolás Maduro na quarta-feira (8).
Maduro postou em sua conta no Twitter na noite de quarta fotos de Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e um dos principais assessores de Lula, cumprimentando-o em um palácio venezuelano.
“Tive um agradável encontro com a Delegação da República Federativa do Brasil, chefiada por Celso Amorim. Estamos empenhados em renovar nossos mecanismos de união e solidariedade que garantam o crescimento e o bem-estar da Venezuela e do Brasil”, escreveu Maduro em uma postagem com foto de ambos.
Sostuve un grato encuentro con la Delegación de la República Federativa de Brasil, encabezada por Celso Amorim. Estamos comprometidos con renovar nuestros mecanismos de unión y solidaridad que garanticen el crecimiento y bienestar de Venezuela y Brasil. pic.twitter.com/29M0AOClXF
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) March 9, 2023
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva quer normalizar as relações com a Venezuela, rompidas durante o mandato de Jair Bolsonaro, e ambiciona voltar a ser um mediador entre o governo de Maduro e a oposição.
Nesta quinta, Amorim tem um encontro com o advogado Gerardo Blyde, um dos líderes da Plataforma Unitária, a coligação de oposição, e que vem sendo responsável pelas negociações reabertas entre governo e oposição, desde o final do ano passado.
Uma das preocupações do governo brasileiro são as eleições presidenciais de 2024. Lula afirmou, ainda durante a campanha, em 2022, que defendia para a Venezuela eleições livres e com alternância de poder.
“Nós precisamos tratar a Venezuela com respeito, sempre desejando que a Venezuela seja o mais democrática possível. Eu defendo a alternância de poder não apenas para mim, mas para a Venezuela também”, disse o presidente à época em entrevista para jornalistas estrangeiros.
As últimas eleições no país, em 2018, deram a vitória mais uma vez a Maduro, mas foram extremamente criticadas por agentes internacionais por suspeitas de fraudes, compra de eleitores e impedimentos para participação de opositores.
A situação levou órgãos como o Alto Comissariado das Nações Unidas e a União Europeia a não reconhecerem o resultado, no que foram seguidos por diversos países.
Vários passaram a aceitar Juan Guaidó, líder da oposição, como um auto-declarado presidente da Venezuela. Inclusive o Brasil que, sob o comando de Bolsonaro, rompeu relações com o país vizinho.
Assim que tomou posse, Lula determinou a retomada das relações diplomáticas e a reabertura da embaixada brasileira em Caracas.
Amorim foi a pedido de Lula, com conhecimento do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. A intenção, confirmam as fontes, é abrir canais de diálogo com os dois lados e retomar a normalidade das relações.
Maduro foi impedido de vir à posse de Lula porque um decreto do governo anterior proibia a entrada no país de membros do alto escalão venezuelano. O decreto foi revogado na véspera da posse, mas Maduro não conseguiu vir e mandou um representante.
Lula e o presidente venezuelano também chegaram a marcar um encontro durante a Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em Buenos Aires, no final de janeiro.
No entanto, Maduro novamente não foi. Em nota, disse ter cancelado porque a inteligência de seu país teria revelado riscos para sua viagem.